segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Nas estradas do Nepal

"Kalo pothi", de Min Bahadur Bham (2015) Esse provavelmente é o primeiro filme do Nepal que assisto. Eu quase nada sei da história política e social do Nepal, e o filme esclarece ricamente um período conturbado pelo qual viveu o País: em 2001, havia uma luta armada entre os militares e os Maoístas, que desejam a implantação do comunismo no País. Durante um breve cessar fogo, em uma aldeia no norte do Nepal, o Rei irá visitar a região. Assim, todos os moradores precisam entregar as suas galinhas para os militares, para que preparem um banquete para o Rei. Dividida em castas, a sociedade Nepalense entende que quem está na base da pirâmide não encontrará chances de se dar bem na vida. Prakash é um menino que mora com sua irmã mais velha e com seu pai, que trabalha para o avô de seu melhor amigo, Kiran. A irmã de Prakash rouba uma galinha e a entrega para Prakash, que cuida dela, e sonha em vender seus ovos e juntar dinheiro. Para isso, conta com a ajuda de Kiran. A irmã de Prakash, no entanto, foge e se junta aos Maoístas, e o sue pai, incomodado com a galinha, a entrega a um idoso da região. Prakash, revoltado, faz de tudo para recuperar a galinha. Alternando momentos de fino humor e drama contundente, "Nas estradas do Nepal" impressiona não pelas locações, mas sim, pelo retrato cruel da infância, obrigada a conviver com as cruéís tradições culturais, e descobrindo ainda cedo o terror da guerra. Não sei se os atores são profissionais, mas todos interpretam com muito naturalismo, principalmente as duas crianças, incríveis. O ritmo do filme é bastante lento, e definitivamente, é um filme para cinéfilos. Ganhou o Prêmio da crítica em Veneza 2015.

Nenhum comentário:

Postar um comentário