terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Mr Church

"Mr Church", de Bruce Beresford (2016) Em 1989, o cineasta Bruce Beresford ganhou o Oscar de melhor filme por "Conduzindo Miss Daisy". 27 anos depois, ele retoma o tema do negro que transforma a história de uma família branca com "Mr Church". A crítica em peso detonou o filme, acusando-o de racista. Spike Lee criou o termo "Magical negro" para esse tipo de personagem construído por Eddie Murphy: um negro de bom coração, com algum tipo de poder, que transforma a vida dos brancos que o cercam. É curioso como em tempos de patrulhamento e de politicamente correto, o filme, mesmo que baseado em fatos reais ( a roteirista Susan McMartin alega que teve um Mr Church em sua vida), não teve a mínima chance de dar certo. Não houve quem achasse ofensiva a história de Mr Church, um negro assexuado, que vive na cozinha, onde não sabemos absolutamente nada sobre sua vida pessoal, que vive chamando as mulheres com quem trabalha de "Madame" e se porta como serviçal aonde quer que vá. Fosse um cozinheiro branco, o filme teria chances de funcionar com o público e até mesmo em temporadas de premiações. Mas sendo um personagem negro, as pedradas foram ferozes. O filme começa em 1970 e narra a história de Charlie, uma menina que mora com a sua mãe. Um belo dia, ao acordar, Charlie encontra na cozinha Mr Church, um cozinheiro. Sua mãe diz que, quando o namorado dela faleceu, cedeu a ela os serviços de Mr Church pelo período de 6 meses para cozinhar para elas. No entanto, a mãe de Charlie está com câncer e tem pouco tempo de vida. Nesse período, Charlie, que destrata Church de todas as forma,s acaba tendo a sua vida transformada pro bem com a presença dele. Ela lê livros ( antes dele, ela odiava ler), passa a apreciar comida gourmet e mais, o considera como amigo, mesmo que ele quase não fale nada. O filme acompanha 15 anos dessa relação entre Charlie e Church. Eddie Murphy, que é um excelente ator de drama e comédia, bem que tentou ( e sua atuação é bem digna), mas a polêmica em relação ao filme acabou com qualquer chance sua de premiação e reconhecimento. Uma pena. Britt Robertson, que interpreta Charlie em fase adulta, também não tem tido sorte em Hollywood: seu filme anterior, "Tomorrowland", foi um grande fiasco. "Mr Church", independente da controvérsia, é um filme correto, até bem convencional e careta, e que tem todos os ingredientes para emocionar o grande público. O pecado dele, em relação ao roteiro, é apresentar Mr Church como um homem cheio de segredos, e no final, não revelar nenhum deles para o espectador.

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