sexta-feira, 1 de maio de 2015

Zazie no metrô

"Zazie dans le metro", de Louis Malle (1959) Baseado no clássico juvenil escrito por Raymond Queneau, "Zazie no metrô" foi a primeira experiência do Cineasta francês com a comédia. Buscando uma forma de narrar uma história contada através de fantasia e tom de fabula, Malle buscou referências no Cinema mudo e no desenho animado, principalmente "Pernalonga" e "Tom e Jerry". Resulltado: um dos filmes mais alucinados, trangressores, inquietantes e loucos que já assisti. O filme é tão inovador em sua linguagem, que com certeza inspirou Peter Bogdanovich em sua comédia "Essa pequena é uma parada" , "Um convidado bem trapalhão" de Blake Edwards e Jean Pierre Jeunet em "Amelie Poulain". Esse último inclusive se inspira nas lentes ( grande angular), na variação de velocidade e nos personagens bizarros, além do colorido e do visual Vintage. Zazie é uma menina desbocada e rebelde de 12 anos, que vem a Paris junto de sua mãe. A mãe a deixa com seu tio ( Philip Noiret) e vai se encontrar com o amante. Por 2 dias, Zazie vai botar Paris abaixo, destruindo tudo e tocando o terror. Tudo isso porquê ela quer conhecer o metrô,que por azar, está fechado por conta da grave dos funcionários. Pedofilia, homossexualismo, ninfomania e tantas outras taras e fetiches são mostrados de forma politicamente incorreta nesse filme muito além de seu tempo. Em uma cena tecnicamente exemplar, em plano-sequência ( os 2 personagens descendo as escadarias da Torre Eiffel e a câmera fazendo movimento descendente), Zazie pergunta a um adulto se ele é gay e porquê ele não se sente atraído por ela, que tem 12 anos!!!! Os diálogos são quase sempre de duplo sentido, mostrando que de infantil o filme não tem nada. O elenco é um primor, lembrando muito a levada de Jacques Tati e a caricatura e trabalho de corpo que ele fez ficar famoso no mundo todo. Repleto de gags visuais, o filme esbanja vitalidade e modernidade, espantoso para um cineasta que depois ficou famoso pelos seus filmes densos ( "Adeus, meninos", "Atlantic City", "Os amantes", "O sopro do coração". etc) O filme é um verdadeiro compêndio de como fazer comédia inteligente se utilizando de gas e poucos diálogos. Uma pequena obra-prima do cinema, que deve muito ao talento de uma menina espevitada e sagaz, a atriz Catherine Demongeot, que infelizmente não conseguiu seguir carreira. Nota: 9

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