domingo, 31 de maio de 2015

O dinheiro

"L árgent", de Robert Bresson (1983) Último filme do Cineasta francês Robert Bresson, realizado em 1983, "O dinheiro" é baseado no conto de Lev Tolstoi, "A nota falsa". Tendo como temas principais a ganância, corrupção, destino e morte, o filme ganhou a Palma de Ouro de melhor direção em Cannes no mesmo ano. Bresson é famoso por usar não-atores, a quem ele chama de modelos. Ele é contra a dramatização, a representação. Em seus filmes, os "modelos"agem mecanicamente, frios, sem emoção. O que importa nos filmes dele é como a história e conduzida, e nada deve tirar a atenção do espectador. Música, Direção de arte, tudo é muito seco, de forma que o foco seja o interesse do espectador pelo o que está sendo narrado. Formalmente preciosista, os enquadramentos, a fotografia, a marcação em cena de objetos e os "modelos", tudo funciona a contento. Impressiona a composição dos quadros nesse filme. A fotografia é em tons neutros, fria. Aliás, fria é a palavra-chave do filme. A narrativa dura, a falta de emoção das pessoas em cena. Para os leigos em Bresson, tudo tende a chocar. O estranhamento é algo peculiar a suas obras, o espectador muitas vezes não entende a sua proposta. O minimalismo das ações, os diálogos curtos. Yvon é um funcionário de uma empresa de abastecimento de água. Um dia, ao receber um pagamento de um laboratório fotográfico, ele descobre que todas as notas são falsas. Sem ter como provar a sua inocência, Yvon é preso. Ao sair da prisão, ele entra em uma vida de crimes. Impossível não associar o roteiro a alguma parábola católica: provoque um crime e serás punido. Nesse tom, o espectador se choca com o desfecho violento e abrupto que sela o destino de vários personagens. Um clássico, sem dúvida, mas que com certeza, ainda provocará muita discussão acalorada entre defensores de seu cinema e detratores de seu conceito narrativo. Nota: 8

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