terça-feira, 5 de maio de 2015

Um dia, um gato

"Az pridje cocour", de Vojtech Jasny (1963) Era uma vez em 1963, em um País longínquo do leste europeu chamado Tchekoslovaquia, um cineasta ousou realizar uma fábula para as crianças que falava de um gato mágico que usa um óculos e que, ao tê-los retirados, enxergava a verdadeira essência do ser humano. O Governo comunista, que financiou o filme, não conseguiu entender as metáforas e simbologias do filme e ele passou despercebido para o mundo todo. Hoje em dia, é completamente impossível não enxergar as críticas ao sistema comunista no filme. Genial e ousado, essa bela narrativa fantástica foi uma experiência radical dentro do gênero cinema fantástico. Em um vilarejo moram o arquétipo de uma sociedade feliz: adultos e crianças convivem harmoniosamente. Mas o que eles não conseguem entender e' a influência maléfica do Diretor da escola, que reprime a liberdade a a criatividade das pessoas. Os animais devem ser mortos e empalhados, e o professor de artes deve ser repreendido ao motivar as crianças a sonhar. Um dia, um circo surge na cidade. O mágico faz uma apresentação e entre as suas estrelas, estão uma bela trapezista e o tal do gato mágico. A simples presença dele, que delata a verdade das pessoas, cria um tumulto na cidade e o diretor exige a sua morte. Cabe às crianças salvar o bichano. Felinni e Woody Allen sempre reverenciaram o universo do circo e do mágico, que, substituindo a tela do cinema, traz sonhos e magia para os espectadores. Brilhante direção e roteiro, que ousa falar do regime político nas entrelinhas. Talvez para as crianças de hoje em dia lhe falte ritmo, mas essas mesmas crianças, ao crescerem, deveriam se orgulhar de um dia poder apreciar essa obra prima. Um filme à frente de seu tempo, vencedor do Prêmio do Júri em Cannes 1963. Com certeza ele foi uma influência para o movimento da Primavera de Praga em 68. A trilha sonora é um primor e entre tantas cenas antológicas, destaco a da sala de aula com as crianças. Genial. Nota: 8

Um comentário:

  1. Recordo-me de haver visto esta película hipersurrealista aos meus 7 ou 8 anos. Mas agora, vê-la corretamente me deixa estupefato, pela arte como um todo, mostra de crianças em sala de aula ainda quietas - as da época -, crianças pintando e dançando livremente, criatividade narrativa, de cores, rebeldia e cinematografia pura. Para amantes de gatos, como eu, então, é êxtase!!

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