domingo, 10 de maio de 2015

Últimas conversas

"Últimas conversas", de Eduardo Coutinho (2015) Usando o mesmo formato de "As canções" e de certa forma, "Jogo de cena", Eduardo Coutinho convida o espectador dessa vez para ouvir os jovens. Como em "As canções", o entrevistado entra, se senta, faz o seu relato e sai de cena. Os jovens em sua grande maioria são negros, pobres do subúrbio, estudantes de Escolas públicas e acabaram de prestar o Enem. Os entrevistados falam sobre cota racial nas Universidades ( é curioso como 2 entrevistadas negras têm postura totalmente contrária à cota racial: uma defende, outra acha errado e acusa de racista quem criou essa lei). Falam também sobre bullying, depressão, crie existencial, assédio sexual, amor e relação com os pais. O mais emocionante é ouvir dessas pessoas o que elas esperam do futuro, e como a maioria pensa em dar à mãe um futuro melhor. O último entrevistado é uma menina, Luiza, de 6 anos. Coutinho no início do filme diz que adoraria que o filme fosse todo com crianças, e não com jovens adultos, pois as crianças são cruéis e falam a verdade, sem máscaras. Dessa vez entre uma e outra cena o filme mostra um pouco os bastidores, e ouvimos conversas entre Coutinho, o seu fotógrafo Jacques Cheuiche​ e a Assistente de direção. Em um diálogo divertido, Coutinho pergunta ao fotógrafo porquê ele trabalha; e Jacques diz: "Trabalho para comprar roupas.". Coutinho complementa: E também para namorar, não?". E Jacques concorda.: "Comprar roupas e namorar". Simplicidade sempre foi a palavra de ordem de Coutinho, assassinado pelo filho antes de concluir o filme ( foi concluído por João Moreira Salles e Jordana Berg, a editora). Algumas falas proferidas por Coutinho durante o filme sôam proféticas, e por isso mesmo, tristes para o espectador que a acompanha a tanto tempo seus filmes brilhantes.

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