domingo, 2 de janeiro de 2011

A vida acima de tudo


" Life above all", de Oliver Schmitz (2010)

Considerado pelo crítico Roger Ebert entre os 10 melhores filmes estrangeiros de 2010, " A vida acima de tudo" é uma emocionante viagem épica através da história da pequena Chanda.
Baseado em um livro, " Chandas secret"`, o filme narra a história de um vilarejo na África do Sul, devastado pela epidemia da AIDS. Os moradores vivem em um clima de tensão, e qualquer suspeita da doença em algum morador, cria uma verdadeira caça as bruxas.
O filme começa com a morte de uma bebê recém nascida, irmã de Chanda, nossa heroína. Chanda é ótima filha, excelente aluna na escola. O pai bêbado, acusa a esposa de matar a filha com leite envenenado. Os vizinhos suspeitam de aids, mas todos ficam em suspense. Até que um dia, a mãe de Chanda também cai doente. A vizinha Sra Tafa, sempre prestativa, sugere a Lillian, mãe de Chanda, a se exilar, abandonando sua família, e procurar ajuda em sua cidade Natal. Porém, a própria mãe de Lillian a rejeita, acusando-a de promíscua. Chanda desconfia desse exílio da mãe, e vai em busca dela, passando por uma peregrinação tortuosa. A sua melhor amiga, Esther, também uma menina, está contaminada, e Chanda se afasta dela, por preconceito. Esther se prostitui para poder sobreviver.
O filme é um belíssimo libelo contra o preconceito,e afirma que, mesmo hoje em dia, a AIDS é vista como morte certa em regiões da àfrica, por conta de falta de informação ou até mesmo por visão maligna da doença.
A sra Tafa tenta de tudo: feitiçaria, rezas. Somente no fim, Chanda a convence de levar sua mãe para um médico.
Poucas vezes me emocionei tanto em um filme. O elenco, poderoso, tem nas interpretações de Khomotso Manyaka como Chanda, e Keaobaka Makanyane, como Esther, duas das atuações mais vibrantes e comoventes que já vi recentemente. O elenco adulto também está ótimo.
A fotografia é outro trunfo do filme: estilosa, variando entre o quente e o frio, com composiçãoes de enquadramento absolutamente belas. A trilha sonora é divina, evocando melodias da região.
O filme tem muitas cenas antológicas: a dança de Chanda com moradores da região em uma festa; o surgimento de seu pai moribundo após estar totalmente destruído pela bebida; a cena de Esther se prostituindo na rodoviária. e a comovente cena do reencontro de Chanda com sua mãe abandonadda.
Uma obra-prima que deve ser visto por todos, emocionando todos os corações duros de preconceito.

Nota: 10

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