domingo, 2 de janeiro de 2011
O Pai das minhas filhas
" Le pére de mes enfants/Father of my children", de Mia Hansen Love (2010)
Drama baseado em história real, teve como inspiração a vida do produtor de cinema francês Humbert Balsan. Balsan produziu mais de 70 filmes, entre eles, filme de Claire Denis, James Ivory, Elia Suleiman ( o ótimo "Internevnção divina") e por último, co-produziu " Mandarlay", de Lars Von Triers. Balsan acreditava em filmes de arte, e lançava cineastas, tinha verdadeira paixão pelo cinema de autor. Porém, se afundou em dívidas, e acabou se matando em seu escritório, por enforcamento, em 2005.
" O pai de minhas filhas" prega essa homenagem a Balsan. Aqui, o personagem é vivido por Gregoire Canvel, produtor bem -sucedido, produziu mais de 5o filmes. Ele lança cineastas, acredita em fazer filmes por pura paixão pelo cinema, apesar dele mesmo não ter tempo de ver filmes. O filme começa com Gregoire dividido entre várias produções, entre elas um filme coreano, e um filme de um diretor sueco, no qual ele aposta todas as suas fichas, Stig Janson ( um alter-ego de Lars Von Triers). Esse filme , " Saturno" está saindo do orçamento, endividando cada vez mais Canvel. Mas crente no sucesso do filme, ele bota lenha na fogueira, pegando mais empréstimos em bancos . Stig é um diretor genioso, e arruma muitas confusões nas filmagens. Canvel é workaholic, e vive dividido entre o trabalho, que ele dedica 24 horas por dia ( não larga o celular: o prólogo do filme já mostra Canvel em sua vida cotidiana) e a vida pessoal. Canvel é pai de 3 filhas, e possui uma esposa amorosa, mas que reclama da falta de atenção da parte dele.
Todo fim de semana, a família passa féria snuma casa do campo, a 2 horas de Paris.
Porém, a situação financeira da produtora de canvel, a Moon filmes, vai se afundando cada vez mais, até parecer não ter mais saida. Canvel é otimista, e vai empurrando os problemas com a barriga. Quando a situação sai do controle, ele se suicida.
Aí estamos na metade do filme. A partir daí, dá-se inicio a peregrinação da esposa dele, Sylvia, em manter a produtora e os ideais do marido em dia. Sylvia se esforça, cumprindo o papel de produtora, sem jamais ter sido. Ao mesmo tempo, a filha adolescente, Clemente, reclama que sua mãe está indo pro mesmo lado que seu falecido pai.
" O pai de minhas filhas" é um drama poderoso, e me comoveu bastante. Claro, ter o universo dos bastidores do cinema para mim foi delicioso, me vi em várias situações semelhantes. Para o espectador mais leigo dessa vida infernal, parece que tudo é meio que uma jogatina. E é isso mesmo. As vezes se acerta, as vezes não. É um desespero total.
O elenco é o ponto forte desse filme: Louis-Do de Lencquesaing, no papel de Gregoire, é um ator excepcional. A sua composição da fragilidade do personagem, aliado a fachada de homem feliz e vitorioso, me comoveu bastante. E eu nunca havia ouvido falar desse ator. Chiara Caselli , que faz Sylvia, também mostra seu talento. E esse é o grande lance do filme, seu elenco é composto de nomes pouco conhecidos so cinema francês, o que me conferiu credibilidade.
A fotografia é linda, a trilha sonora também. Os créditos iniciais são maravilhosos, dando a idéia de que veremos um filme alegre. No desfecho, emblemático, a canção que sera, sera" é tocada, deixando em aberto a vida dessa família que caminha sem rumo na vida.
O filme tem um ritmo lento, que pode asssustar espectadores mais impacientes. E a inteligência do roteiro, que evita melodrama, focando no aspecto quase documental da vida da família após a morte do patriarca.
O crítico Roger Ebert o colocou na lista dos 10 filmes estrangeiros mais importantes de 2010.
Nota: 9
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Parabéns pelo seu blog... Muito bom, sou estudante de cinema e gostei muito do seu curriculo... Se tiver algum trampinho pra mim da um toque rsrs
ResponderExcluirAbraço..
haaahaha Maravilha Thiago heheheheehe e obrigado pelos comentários
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