sábado, 22 de janeiro de 2011
Biutiful
" Biutiful", de Alejandro Gonzalez Inãrritu (2010)
Drama do mexicano Inãrritu, aqui em sua primeira experiência sem trabalho conjunto com seu antigo parceiro e roteirista Guillermo Arriaga, que alçou vôo solo. O filme participou do Festival de Cannes 2010, levando o prêmio merecido de melhor ator para Javier Barden, dividido com Elio Germano, em outro drama familiar, o italiano " La Nostra Vita".
" Biutiful" narra a massacrante história de Uxbal, um homem que luta para sobreviver em uma Barcelona nada turística ( esqueçam a Barcelona solar de " Vicky Cristina Barcelona"). O que vemos aqui é feiura de todos os lados. As pessoas, as cores, o mundo, as situações. Uxbal tem uma ex-esposa bipolar, que não consegue controlar seus acessos de mau-humor e de sexo, e que tem um caso com o cunhado. Os dois filhos pequenos de Uxbal passam o dia sob os cuidados de uma chinesa imigrante, enquanto ele trabalha como atravessador dos camelôs senegaleses, e de chineses que exploram o trabalho escravo de compatriotas da mesma raça. Esse dinheiro sujo chega suado, mas é o que mantém a subsistencia da família que vive em condições sub-humanas.
Para piorar a sua situação, Uxbal descobre ter um câncer de próstata terminal, e não terá mais do que 2 meses de vida. Ele evita de comentar sobre a doença com todo mundo. Uxbal tem poderes mediúnicos de falar com os mortos, e sua relação com seu pai é muito sofrida, uma vez que o pai morreu jovem e ele não consegue tirá-lo de suas lembranças. Ao final da projeção, descobrimos que Inãrritu fez o filme em homenagem a figura de seu pai, daí a importância do personagem na trama.
Apesar de não trabalhar com as tramas paralelas, Inãrritu continua com sua visão pessimista do mundo. Não se pode confiar em ninguém, as pessoas são todas sofredoras e egoístas. Existe um único protagonista na história, no caso, Uxbal (Javier Barden), mas algumas pequenas sub-tramas se desenvolvem ao longo da narrativa ( A relação dos chineses gays, a sua ex-esposa que mantém relações com seu irmão, a mulher senegalesa que sonha em voltar ao seu país, etc).
A fotografia, em tons escuros, ajuda a recriar esse mundo feio, desumano. A trilha sonora é de seu parceiro fiel Gustavo Santaolala. O roteiro é bom, pendendo para o melodrama e as vezes exagerando em alguns momentos ( a história do casal gay parece completamente deslocada da trama central, e mesmo o lance da mediunidade não me soou realista). O grande trunfo do filme é o trabalho do elenco, em especial Barden, a atriz que faz sua esposa e as duas crianças, todos impecáveis e bárbaros em suas interpretações.
O filme é muito longo, 147 minutos, e ao final da projeção, me pareceu ter pelo menos 20 minutos excedentes. A trama demora a acontecer, o prólogo é muito extenso , tudo para apresentar o personagem em suas facetas ( a mediunidade, a relação com sua filha, a relação com seu pai falecido). Apesar de tudo, o filme é forte, e possui algumas boas cenas antológicas, como a da boite.
O ser humano dos filmes de Inãrritu definitivamente não prestam, e os poucos remanescentes da bondade, não resistem. Para quem deseja um filme para passatempo, evite completamente.
Obs: tem uma cena de atropelamento no filme que impresssiona pelo realismo. Maravilhoso!
Nota: 8
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