domingo, 9 de janeiro de 2011

Não me abandone jamais


" Never let me go " , de Mark Romanek (2010)

Drama de realismo fantástico baseado no livro de Kazuo Ishiguro, mesmo autor de " Vestígios do dia", transposto para as telas por James Ivory.
A história gira em torno da amizade de três amigos, em épocas distintas.
Em 1978, ainda crianças, na faixa dos 10 anos de idade, os 3 amigos se encontram em um internato, chamado Hailshan. Nesse lugar, as crianças ficam confinadas em um universo onde permanecem 14 horas dedicadas aos estudos e a arte. sem muito contato com os adultos, as crianças fazem parte de um mundo idealizado. Elas não podem sair da fronteira da escola, pois histórias foram contadas sobre fugitivos que foram encontrados mortos. Um dia uma professora nova chega ao local, e começa a estranhar tudo o que ela encontra. Até que ela descobre a terrível realidade: as crianças são clones, gerados para doar seus órgaos quando atingirem a fase adulta.
Essa revelação é feita para as crianças, e os 3 amigos mudam seu ponto de vista sobre tudo o que está ao seu redor, passando a questionar a razão da existência deles.
O tempo passa, e estamos em 84. Já pós adolescentes, os amigos são transferidos para uma colônia habitada pelos clones. Lá eles tomam conhecimento de que casais apaixonados tem sua vida útil estendida. Isso provoca nas duas amigas, Ruth e Kathy (Keira Knightley e Carey Mulligan) atritos, tendo Tommy (Andrew Garfield, o Eduardo de " A rede social" ) como motivo dos conflitos.
Já adultos, em 96, os três aguardam tensos a perspectiva sem futuro da doação dos órgãos, o que provocará a morte iminente deles.
Essa fábula sobre a vida e a morte, é belamente conduzida por Romanek, diretor de " Retratos de uma obsessão", com Robin Willians. Tem uma excelente fotografia, belíssima trilha sonora e uma narrativa lenta, que conduz o espectador ao universo idílico e assustador desses personagens.
A questão do poder sobre a vida e a morte de seres humanos me lembra bastante os andróides de " Blade Runner" , que passam por crises existenciais muito próximas aos desses clones. O filme discute o poder de alguns de decidirem quando uma pessoa deve deixar de viver,uma fábula mórbida sobre o poder fascista de governantes que controlam a vida de outros seres vivos, ditos " sem almas".
Andrew Garfield, Keira Knightley e Carey Mulligan estão ótimos, em performances contidas e envolventes. A veterna Charlotte Rampling faz uma participação como a diretora de Hailshan. O triste destino de seus personagens provoca uma tristeza e melancolia, captadas com muita sensibilidade por Romanek.
Na verdade, eu só aceitei esse filme após entendê-lo como uma fábula. Caso contrário, muitas questões poderiam ser elaboradas para dar veracidade a história.

Nota: 8

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