quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Biblioteca Pascal


" Bibliothèque Pascal", de Szabolcs Hadju (2010)

Co-produção húngara/Romena/Francesa e Inglesa, esse filme é resultado de um projeto globalizado.
Concorrendo no Festival de Berlin 2010, o filme saiu de lá sem prêmios, mas ganhou a fama entre cinéfilos como filme cult do festival.
A história gira em torno de Mona, uma jovem mãe solteira. O prólogo do filme mostra Mona em uma sala da Assistência Social, dando o seu depoimento para um funcionário. Ela deseja reaver a guarda de sua filha de volta, e para isso, precisa contar ao homem a sua história pessoal. A partir daí, o filme mergulha em um mundo de fantasia e surrealismo, algo que remete aos filmes de Kusturika. Mona engravidou de um homem acusado de assassinato, e que possui o dom de dividir seus sonhos com outras pessoas. Porém, ele é morto pela polícia, e Mona resolve seguir seu caminho. Ela reencontra o seu pai, que ela não via a anos. Ele a convida a ir com ele até a Alemanha resolver assuntos pendentes. Ela decide ir, e deixa sua filha com a sua tia vidente. Chegando na Alemanha, Mona descobre que seu pai estava enrolado com perigosos traficantes. Ele acaba morto e ela é vendida como escrava. Acaba sendo arrematada por um homem, que mora na Inglaterra. Ele é dono de uma boite chamada " Biblioteca Pascal" na verdade um bordel, onde artistas, poderosos e políticos se encontram em busca de prazeres fetichistas. Cada sala do bordel tem um tema: Sala de Joana D´arc, Sala de Desdêmona, sala de Pinoquio, e por aí vai. Paralelo, a sua filha é mostrada em ferias públicas para ganhar dinheiro: a tia vidente a apresenta como uma atração, pois ela tem o poder de dividir os sonhos com os visitantes, tornando-os reais.
" Biblioteca Pascal" é um curiosíssimo filme, que mistura vários gêneros: drama, fantasia, comédia. Tem muito dos filmes de Kusturika, Terry Gillian, ao mostrar cenas surrealistas com alto teor de fantasia. Os efeitos são muito interessantes, e a fotografia também, muito colorida. A direção de arte mistura elementos de várias épocas, tornando o filme meio anacrônico.
Não é um filme perfeito, mas contém elementos que mantém o interesse do espectador, apesar de seu ritmo um pouco lento. A parte fantasiosa da história poderia ter sido melhor explorada.
O elenco, capitaneado por uma excelente Orsolya Torok-Illyes, é muito bom,
O filme me lembrou bastante o italiano " A desconhecida", de Giuseppe Tornatore, com temática semelhante, porém sem a parte fábula da história.
O desfecho do filme é lindo, em plano-sequência, mostrando o universo do faz de conta de Mona. Aliás, o filme é repleto de travellings laterais, que descortinam cenários e situações. O Diretor explora bastante essa linguagem, o que acho bem interessante. Algo como Greenaway costumava fazer.

Nota: 8




Nenhum comentário:

Postar um comentário