domingo, 9 de janeiro de 2011
A viagem do Balão Vermelho
" Le voyage du ballon rouge" , de Hou Hsiao Hsien (2007)
Filme patrocinado pelo Museu D`orsay, em Paris, pelos seus 20 anos de existência, " A viagem do balão vermelho" tem como referência o média-metragem " O balão vermelho", de Albert Lamorisse, um clássico do cinema infantil francês.
O filme narra o drama de Simon (Simon Iteanu) , menino de 7 anos, que vive com sua mãe Suzanne (Juliette Binoche), que trabalha como dubladora de teatro de marionetes. Ela é divorciada, e vive estressada, entre os afazeres domésticos, profissionais e ainda, tendo que lidar com o seu inquilino, que não paga o aluguel a meses. Suzanne resolve contratar Song ( Fang Song), uma babá chinesa que é cineasta, e está em Paris para rodar um curta sobre balões vermelhos.
Simon cria um mundo imaginário, onde um balão vermelho o acompanha pelas ruas de Paris, se tornando o seu único amigo. Simon vive isolado do mundo, tendo como companheiro domiciliar apenas o seu playstation, uma vez que a sua mãe raramente está em casa. A entrada em cena de Song vai transformando aos poucos o modo de Simon enxergar o mundo. Ele usa a filmadora dela, e vai questionando tudo o que vê ao seu redor.
O filme, como não poderia deixar de ser, linda com a fantasia , não só de Simon, mas dos outros personagens. Song quer ser cineasta e acredita em um mundo perfeito. Suzanne deseja a harmonia para a sua vida.
Hou Hsiao Hsien tem como um dos temas no seu filme, mostrar o contraste entre o mundo ocidental e o oriental. Enquanto os franceses são barulhentos, estressados, os orientais ( Song e um mestre de marionetes) são sábios, tranquilos, e enxergam virtudes na vida.
A delicadeza da narrativa é outro ponto forte na obra. Hou Hsiao Hsien faz parte da geração de cineastas Taiwaneses que fundaram a " Nova onda", filmes com forte teor realista.
Aqui, ele conta a sua história de forma extremamente lenta, as vezes tediosa. Seus planos são longos, a maioria em plano sequência. A camera de Hsien registra momentos de absoluto cotidiano. Momentos soltos, fragmentados.
A fotografia é linda, e a trilha sonora, tendo como base o piano, é sofisticada.
O roteiro brinca com o universo do cinema, através do personagem de Song, e também através de videos amadores que pertenciam ao pai de Suzenne.
Um filme de cinéfilos, que jamais entrou em circuito comercial , sendo exibido apenas em mostras e festivais.
O elenco está ótimo, e interessante notar que Hsiao Hsien usa o nome verdadeiro dos atores para chamar os seus personagens. O filme é quase que um registro documental da vida de tipos em Paris.
Nota: 7
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