domingo, 25 de julho de 2021

Puro sangue


"Pura sangre", de Luis Ospina (1982)
Cena: Em Cali, cidade pobre da Colômbia, dois jovens homossexuais são convidados a participarem de uma festa regada à cocaína. Ao chegarem na casa, depois de muitas fileiras de pó, eles são dopados pelos seus 3 seqüestradores, dois homens e uma mulher.
São estuprados, têm seus sangues drenados e depois são jogados em um lixão.
Essa cena sintetiza um filme obscuro que vem da Colômbia, um cult proibido em diversos países e lançado em 1982. É um filme sujo, decadente, sem censura, baseado na história real Luis Mosquera, o Babalu, um serial killer que matou e estuprou 28 rapazes de idades distintas.
"Puro sangue"se apropria dessa história mas a transforma em um filme de terror social, sobre uma Colômbia devastada pela pobreza e diferenças sociais. Um idoso milionário, Roberto, dono de uma grande usina de açúcar, tem uma doença rara em seu sangue e para sobreviver, necessita de sangue de crianças e rapazes do sexo masculino. Seu filho, Adolfo, chantageia sua enfermeira e dois funcionários, e os obriga a sequestrar crianças e rapazes, drenar o sangue e matá-los.
O filme venceu os prestigiados Festivais de Sitges e Cartagena,
O filme é uma feroz crítica ao conservadorismo, tendo o trio enfermeira e dois funcionários representando tudo o que o ser humano tem de pior: machistas, preconceituosos, homofóbicos, racistas e desprezo total pela pobreza. Em uma fala, um deles diz: "Sapatos brancos, calça apertada, é bicha com certeza.". Em outra fala polêmica, a enfermeira diz : "Negros não, precisamos de sangue limpo". Não a tôa o filho se chama Adolfo, alusão à Hitler.

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