sábado, 7 de fevereiro de 2015
Pessoas pássaro
"Bird people", de Pascale Ferran (2014)
Exibido na Mostra "Um certo Olhar", em Cannes, esse drama existencialista, romântico e fantasioso dirigido pela cineasta Pascale Ferran é uma experiência daquelas "ame ou odeie". Embarcar nesse filme é uma difícil tarefa, e é mais do que evidente dizer que é um filme para cinéfilos. Qualquer espectador comum acho que sairia no meio do filme revoltado e pedindo o dinheiro de volta.
O filme narra a trajetória de 2 pessoas solitárias e perdidas no mundo em que e encontram. Elas resolvem reagir contra a passividade que os assola e precisam, cada um de sua forma, dar o seu grito de libertação. Gary (Josh Charles, de "The good wife" e do cult "Duas formas de amar") é um homem de negócios que viaja de país em país entrando e saindo de reuniões de trabalho. Ao chegar em Paris, ele se hospeda no Hotel Hyatt, que fica em frente ao Aeroporto Charles de Gaulle. Ali, trabalha a estudante a camareira Audrey (Anaïs Demoustier), entediada com tudo e desejando algo a mais em sua vida. Súbito, no dia seguinte, Gary decide não mais viajar e ao mesmo tempo, pede demissão do trabalho, se separa de sua esposa e abandona tudo o que ele possui. Audrey, por sua vez, assim como em "Mal dos trópicos", de Apitchapong Weerasethakul ( quando do nada, um dos personagens se transforma, sem qualquer explicação, em um tigre), também passa por uma transformação, só que no seu caso, física.
O título do filme poderia ser traduzido metaforicamente como pessoas que no caso de Gary, viajem de avião o tempo todo, ou pessoas que não se encontram em um lugar físico, perdidas no mundo, ou literalmente, como Audrey, que se transforma fisicamente.
Nessa verdadeira fábula sobre "como ser feliz", já concessões narrativas que fazem o filme se transformar do nada em algo quase como um filme da Disney, porém, dentro do conceito Cinema de Arte.
O que me espanta, de verdade, é a coragem da cineasta em narrar em 130 minutos, uma história singela que poderia ter sido contada em um curta de 20 minutos.
As cenas são extremamente longas, todo aquele papo de Gary com colegas de trabalho e esposa poderia ter sido eliminado. Mas me parece que a cineasta Pascale quiz intensificar a sensação de tédio dos personagens para os espectadores. Nada justifica o filme sair de Paris e seguir até Dubai e Nova York só para mostrar elenco de apoio falando em telefones. Fosse aqui no Brasil, seria tudo no croma.
A excelência do filme vai para a fotografia, deslumbrante, e para o melhor ator em cena, o pequeno pardal, um misto entre computação gráfica e animal de verdade. A cena do vôo ao som de "Space Odity", de David Bowie, é linda.
Estranho, bizarro, mas no final das contas, uma história de amor. Longa, entediante, mas bela.
Nota: 6
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