domingo, 15 de fevereiro de 2015

A pele de Vênus

"La Vénus à la fourrure", de Roman Polanski (2013) Exibido na Mostra competitiva em Cannes 2013, "A pele de Vênus" é uma adaptação da peça teatral "Vênus de vison", do americano David Ives. encenada com muito sucesso na Broadway. Polanski, em 2011, já havia realizado outra adaptação teatral, com a peça "O Deus da carnificina". O seu apreço por texto e trabalho com atores tem se intensificado ainda mais, após a reclusão que lhe foi imposta pelo Governo suíço, quando esteve presente em um Festival de cinema. Para fugir da mídia, Polanski tem filmado em estúdios ou locações únicas, evitando o assédio da imprensa. Com apenas dois personagens ( Mathieu Amalric e Emanuelle Seigner), o filme narra a relação entre um autor/Diretor e uma atriz. Thomas adapta o livro "A Vênus de vison", de Leopold von Sacher-Masoch, considerado o pai do fetiche masoquista. Ele também fará a sua estréia como Diretor teatral. Em um dia de muita chuva, ele faz mais de 30 audições com atrizes para o papel principal de Wanda, mas nenhuma lhe satisfaz. Quando resolve ir embora, já sem ninguém no teatro, eis que surge, atrasada, Vanda. Com o mesmo nome da personagem da peça, Vanda se acha perfeita para o papel. Thomas se recusa a fazer a audição, mas com a insistência de Vanda, ele cede. A partir daí, o filme discute relação de poder sexismo, machismo, fetiches, fazendo a inversão de papéis tanto na função Ator/Diretor, quando no sexo, homem/mulher, Dominador/Submisso. A mescla de ficção e realidade fica ainda mais intensa e confusa quando os personagens da peça se chamam os nomes doa personagens do filme. Brilhantemente executado por Polanski, ele conseguiu o feito de evitar que o filme se tornasse enfadonho, uma vez que ele acontece todo em um palco de teatro e apenas com 2 personagens. Para tanto, ele ajudou a fazer a adaptação da peça e contou com o trabalho de sua esposa, Emanuelle Seigner, e do Mathieu Amalric, um dos melhores atores franceses em atividade. O que se v6e na tela é um embate fabuloso entre 2 atores, que caem dentro dos personagens, sem medo de se expor ao ridículo e ao caricato. Abusando da sensualidade e vulgaridade, Emanuelle trabalha com perfeição o seu difícil papel. A trilha sonora de Alexandre Desplat dá o tom exato da sátira de época, e a fotografia do parceiro de Polanski, Pawel Edelman, reforça a dramaticidade do texto. O filme tem diálogos divertidissimos, fazendo desse filme uma deliciosa sátira como a muito não se via. Um presente para qualquer ator. Nota: 9

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