sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A história da eternidade

" A história da eternidade", de Camilo Cavalcante (2014) Anotem esses nomes: No elenco, Irandhir Santos, Marcelia Cartaxo, Zezita Matos, Claudio Jaborhandy, Debora Ingrid, Leonardo França e Maxwell Nascimento. Na direção e roteiro, o pernambucano Camilo Cavalcanti. Na fotografia, Beto Martins. E na trilha sonora, o polonês Zbigniew Preisner, parceiro habitual do cineasta Kryssztof Kieslowski. Juntos, eles dão razão à palavra EXTRAORDINÁRIO. Um filme poderoso, pulsante, visceral, tocante e arrebatador. Não é filme para qualquer espectador, infelizmente. Ele é lento, longo, talvez cabeça demais no seu hermetismo que quer se embrenhar no sertão de memórias e de sofrimento. Através de uma divisão em 3 capítulos ( na verdade, desnecessário, talvez uma homenagem a Lars Von Triers), o filme fala sobre tesão, desejo, tragédia e a falta de comunicação que provoca a tragédia que ceifa o amor e a vida. Em um vilarejo dentro do sertão pernambucano, acompanhamos histórias de alguns personagens: Uma avó religiosa que recebe a visita inesperada de seu neto, que acaba despertando nela uma paixão incestuosa. Uma mulher que acaba de perder seu filho e de luto, se nega a se entregar ao amor verdadeiro de um cego repentista. Uma menina de 15 anos que sonha em ver o mar, e acaba entrando na alma artistica de seu tio, mesmo contra a vontade de seu pai autoritario. Essas historias costuram sentimentos de um vazio insuportável de seus personagens, que precisam dar um grito de liberdade. O único que faz isso é o Tio (Irandhir), que através da Arte e de uma caracterização que lembra Bispo do Rosário, se expressa através de sua dança e de seu trabalho artistico. O filme tem pelo menos três cenas primorosas que me deixaram encantado com a sua criatividade e encantamento: a do acende e apaga luz da menina, a da dança do Irandhir e a cena de Irandhir ensinando a sobrinha a " ver " o mar, dentro do sertão. Camilo Cavalcante, um cineasta que eu nunca havia ouvido falar, entrou para o rol de artistas importantes e obrigatórios do meu repertório cinéfilo. Bem-vindo a esse Universo maravilhoso do Cinema em estado bruto! E obrigado por esse presente. Nota: 10

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