sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Mamma Roma

Mamma Roma", de Pier Paolo Pasolini (1962) Filmado em 1962, com uma Italia ainda em reconstrução pós-Guerra, "Mamma Roma" é uma obra-prima que usa o nome da protagonista como metáfora para as agruras de um Pais em crise e com perspectivas de um futuro melhor. Também é uma critica feroz ao capitalismo que surgia impassível na Italia ( Pasolini era de esquerda e comunista). Anna Magnani faz aqui o seu debut com Pasolini, após ter ganho um Oscar por "A Rosa tatuada", em 1955. A sua personagem tem muito de Giuletta Masina, de "Noites de Cabiria", de Fellini. São prostitutas de bom coração, e que sonham com um futuro melhor. Assim, Mamma Roma economiza dinheiro para poder comprar um pequeno apartamento decente, uma barraca de feira e poder dar um futuro melhor ao seu filho Ettore (Ettore Garofolo, que Pasolini conheceu em um restaurante trabalhando como garçon). No entanto, Ettore contradiz todos os sonhos de sua mãe: nao quer estudar, nem trabalhar, e só pensa em vadiar e roubar na rua com os seus colegas. Mamma Roma faz de tudo para tentar reverter a tragédia eminente que paira sobre seu filho, inclusive sendo chantageada pelo seu antigo cafetão, que exige que ela retorne para as ruas para sustentá-lo. Anna Magnani é daquelas atrizes eternas que sempre que revemos uma interpretação em algum filme, lembramos de muitas outras atrizes que fizeram homenagem ao seu tipo histriónico, pulsante e forte. Extraordinária no papel principal, alternando momentos de alegria, lúdico e melancolia, Mamma Roma de Anna Magnani está no rol dos grandes personagens da história do cinema. Pasolini colocou não-atores para contracenarem com ela, uma prática comum em quase todos os seus filmes. Pasolini dizia que não gostava de escalar atores burgueses para interpretar gente do povo, e ai escalava não atores advindos da classe operaria e proletariado. O jovem Ettore Garofolo está impressionante no seu personagem: a câmera é apaixonada por ele, e em suas cenas, o seu carisma e fotogenia impressionam. O filme possui várias cenas antológicas, entre elas a de Mamma Roma ensinando o seu filho a dançar, o seu passeio de moto com o filho e a cena final do menino " crucificado". Fotografia do grande Mestre Tonino Delli Colli, dos filmes de Sergio Leoni e de "A vida é bela", de Robert Begnini. O filme tem 2 Planos-sequencias filmados d enoite, e fico imaginando como na epoca, com aquela camera pesada, era possível fazer um travelling out de mais de 5 minutos sem corte, acompanhando os personagens andando pela rua.

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