sábado, 25 de fevereiro de 2017

Belíssima

"Belíssima", de Luchino Visconti (1951) Obra-prima do neo-realismo italiano, foi o 3o filme dirigido por Luchino Visconti, que logo depois mudaria radicalmente a sua estética e faria filmes glamurosos retratando a burguesia decadente. Ate hoje, Visconti é referencia para o bom gosto na Direção de arte e figurinos, devido ao seu extremo apuro visual. Mas não é o caso de "Belíssima". Filmado em locações reais depois da 2a guerra ( essa era a cartilha do movimento Noe-realista), o filme apresenta a face mais cruel do mundo do entretenimento, no caso, o Cinema. Madalena é uma dona de casa que trabalha como enfermeira para ganhar um sustento. Ela, seu marido e sua filha pequena, Mara, vivem em um cortiço. O sonho deles é de se mudarem para uma casa própria. Eles moram próximo do famoso Estúdio Cinecittá, ao lado da casa deles tem o telão de cinema onde eles assistem filmes de graça. Madalena sonha com o mundo do glamour do cinema e deseja que sua filha seja atriz. Até que surge um concurso para escolher a protagonista mirim de um filme. Madalena faz de tudo para que sua filha seja a escolhida, mesmo que a menina seja contra a idéia. Com um roteiro primoroso de Cesare Zavattini ( que também escreveu "Ladroes de bicicleta", "Milagre em Milão"), "Belissíma" encanta e nos deixa muito triste pelo lado mais cruel do ser humano: a ganancia e a hpocrisia. Rodado boa parte nos Estudios da Cinecittá, o filme faz um raio-x do mundo do cinema. Atrizes que são obrigadas a mudar de fisionomia, diretores e produtores que riem dos atores durante o seu teste, aproveitadores, e principalmente, as mães das crianças mirins. Elas são as piores e retratadas fielmente aqui no filme ( incrivel que o filme, de 1951, já tivesse esse olhar sobre os pais que querem se dar bem através de seus filhos, algo muito comum hoje em dia.) O filme é repleto de cenas antológicas: a primeira aula de atuação de Maria, sua aula de balé, a cena da montadora explicando para Madalena porque abandonou o cinema, a cena de Madalena discutindo com o Diretor. O filme deve muito ao talento irrepreensível da Diva Anna Magnani, que com seu jeitão histrionico e viril, sustentou um tipo de personalidade que perdura até hoje. Basta ver Dona Herminia de Paulo Gustavo, é exatamente igual. A curiosidade do filme fica quando Madalena diz em determinado momento, que Burt Lancaster é um ator interessante. Ela viria a contracenar com ele 3 anos depois, no filme " A rosa tatuada", no qual ganharia seu Oscar de melhor atriz.

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