sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

El pico


"El pico", de Eloy de la Iglesia (1963)
Um dos maiores sucessos comerciais da Espanha nos anos 80, 'El pico" rendeu uma continuação um ano depois, em 1984, igualmente bem sucedido.
O filme, polêmico e controverso, apresenta sem censura a adolescência na Espanha em busca de drogas pesadas, no caso a heroína, durante a transição para a democracia no país, após a ditadura de Franco. Na mesma época, na Alemanha, o filme "Eu, Cristiane F, 13 anos, drogada e prostituída", também fazia enorme sucesso. Era uma época onde a decadência moral e social, advindos da crise econômica, tinham como alvo a juventude, alienada e sem futuro.
Paco (José Luis Manzano, namorado do diretor) e Urko (Javier García) são melhores amigos. O pai de Paco é um general, e o de Urko, um político de esquerda. Ambos se tornam viciados em heroína e quando não conseguem mais compram, passam a roubar. A mãe de Paco toma morfina para aliviar a dor de seu câncer, e Paco, em desespero, rouba a morfina para se picar.
O mais bizarro no filme é que, toda vez que os jovens se picam, toca "Cidade maravilhosa" como pano de fundo. O filme é bastante realista e não faz concessões. Homossexualidade, falta de comunicação entre pais e filhos, drogas como escape da dura vida real. "El pico" é um filme contundente, e triste perceber que décadas depois, continuamos em situação muito pior.

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