"El pico", de Eloy de la Iglesia (1963)
Um dos maiores sucessos comerciais da Espanha nos anos 80, 'El pico" rendeu uma continuação um ano depois, em 1984, igualmente bem sucedido.
O filme, polêmico e controverso, apresenta sem censura a adolescência na Espanha em busca de drogas pesadas, no caso a heroína, durante a transição para a democracia no país, após a ditadura de Franco. Na mesma época, na Alemanha, o filme "Eu, Cristiane F, 13 anos, drogada e prostituída", também fazia enorme sucesso. Era uma época onde a decadência moral e social, advindos da crise econômica, tinham como alvo a juventude, alienada e sem futuro.
Paco (José Luis Manzano, namorado do diretor) e Urko (Javier García) são melhores amigos. O pai de Paco é um general, e o de Urko, um político de esquerda. Ambos se tornam viciados em heroína e quando não conseguem mais compram, passam a roubar. A mãe de Paco toma morfina para aliviar a dor de seu câncer, e Paco, em desespero, rouba a morfina para se picar.
O mais bizarro no filme é que, toda vez que os jovens se picam, toca "Cidade maravilhosa" como pano de fundo. O filme é bastante realista e não faz concessões. Homossexualidade, falta de comunicação entre pais e filhos, drogas como escape da dura vida real. "El pico" é um filme contundente, e triste perceber que décadas depois, continuamos em situação muito pior.
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