segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

A volta do parafuso


"Otra vuelta de tuerca", de Eloy de la Iglesia (1985)
Os anos 80 produziram filmes que jamais teriam condições de serem filmados hoje em dia. De todas as adaptações cinematográficas do clássico "A volta do parafuso", de Henry James ( que rendeu a obra-prima 'Os inocentes", com Deborah Keer"), a de Eloy de la Iglesia certamente é a mais ousada e pervertida: ebofilia (atração sexual de adultos por adolescentes), incesto, desejo sexual de crianças por adultos. E mais ousadia ainda: substituir o gênero da governanta, agora um homem, um homossexual enrustido. O Sacerdote Roberto (Pedro Mari Sánchez) desiste de sua vocação religiosa por não suportar a angústia e o desejo por outros homens, e acaba indo trabalhar de governante em uma mansão, tomando conta de uma menina de 10 anos, Flora, e de um adolescente, Mikel (Asier Hernández, no mesmo nível de sedução arrebatadora do menino de "Morte em Veneza", de Visconti.)
Roberto fica atraído sexualmente por Mikel, e se pune por sentir tais desejos. Flora deseja ver Roberto nu, tomando banho. Os irmãos tomam banho juntos, pelados. Mikel seduz Roberto, colocando as mãos do governante sobre o seu corpo desnudo.
O filme é repleto de cenas fetichistas, impensáveis em filmes atuais. Um filme obscuro, esquecido, mas que reserva um olhar sobre a repressão sexual e as metáforas sobre desejo homossexual embutido em diálogos.

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