sábado, 2 de janeiro de 2021

Crônica de um menino só


 "Crônica de un niño solo", de Leonardo Favio (1965)

Considerado por críticos e estudiosos em uma pesquisa no ano de 2000 como o melhor filme argentino produzido no país, "Crônica de um menino só" é um drama realizado em 1965 e apresenta uma infância destruída pela falta de assistencialismo do governo. É impossível não comparar o filme ao "Pixote", de Hector Babenco, até porquê existem muitas cenas similares. Rodado em preto e branco, o filme acompanha o protagonista Polin (Diego Puente, impressionante), um menino de 10 anos, levado até um reformatório para delinquentes infantis. Na instituição, Polin passa por maus tratos e o rigor de um padre e de um diretor, que tratam as crianças de forma violenta. Polin acaba fugindo, e volta para a sua casa, na favela, evitando ser visto pela polícia. Mas um incidente em um lago envolvendo um amigo coloca à prova a passividade de Polin perante a violência que rodeia o mundo.

Assim como "Pixote", todo o elenco infantil é formado por não atores. Leonardo Favio escreveu o roteiro baseado em sua própria vivência: quando criança, foi levado pelo pai ao reformatório, por prática de pequenos roubos. Hoje em dia, se o filme fosse feito, sofreria muitos problemas de realização, principalmente na longa sequência do lago: todos os meninos totalmente nus, e logo depois, uma cena de estupro. É chocante e muito bem dirigida a cena. Leonardo Favio provavelmente busca referências em 'Os incompreendidos", de Truffaut, principalmente na cena que o menino corre, e na busca da poesia em momentos de dureza e crueldade.

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