sexta-feira, 4 de janeiro de 2019
Sexy e marginal
“Boxcar Bertha”, de Martin Scorsese (1972)
Baseado na história real de Boxcar Bertha (interpretado por uma jovem Bárbara Hershey, na época do filme namorando David Carradine) , uma mulher que viveu durante a depressão americana sob a pressão do desemprego e acaba indo parar na bandidagem e na prostituição.
Moradora do sul do País, onde o racismo imperava, Bertha testemunha a morte do pai, um piloto de avião que morre durante o voo por situação precária do veículo. Bertha vai à luta, sozinha e se envolve com Bill Shelley( David Carradine), um líder sindical que luta por melhores condições de trabalho para os funcionários de uma construtora de estrada ferroviária. O melhor amigo de Bill é Von, um negro. Os patrões veem Bill como comunista e amigo de negros e o demitem. Bill, Von, Bertha e Rake, um outro trambiqueiro que Bertha conhece, se unem e iniciam assaltos a bancos.
O título em português pegava carona na pornochanchada e no sexexploitation da época: de fato o filme tem cenas de nudez e isso deve ter sido com certeza o chamado do filme ( ainda mais que Scorsese estava no início da carreira e não tinha nome ainda). Esse é seu segundo longa, que tem tecnicamente alguns defeitos de um cineasta jovem, mas o roteiro é tão forte e poderoso e a sequência final é tão vibrante que faz a gente esquecer todos esses problemas. Acho que somente em “Dogville” eu aplaudo na cena torcendo pelo ato de violência de um personagem.
Curiosidade:o nome do personagem de David Carradine é Bill, e acredito que Tarantino deva ter homenageado esse filme ao dar o seu nome de Bill também em “ Kill Bill”.
A cena final, com um personagem crucificado no trem, é das mais lindas e potentes que já vi, e já dá indícios do cristianismo tão presente nas obras de Scorsese.
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