sexta-feira, 25 de janeiro de 2019
Caminhos perigosos
"Mean streets", de Martin Scorsese (1973)
Realizado após o ótimo "Sexy e marginal" e entre 2 obras-primas posteriores, 'Alice não mora mais aqui" e "Taxi driver", "Caminhos perigosos", de 1973 e com roteiro do próprio Scorsese, é o primeiro trabalho de Scorsese no Universo dos gangsters, um tema que ele voltaria diversas vezes em filmes como "os bons companheiros", "Infiltrados" e "Cassino".
"Caminhos perigosos" fala sobre amizade acima de qualquer coisa. Charlie (Harvey Keitel) é sobrinho de um mafioso agiota em Nova York. Sua função é cobrar dívidas das pessoas. Mas Charlie quer sair dessa vida. Católico, ele quer pagar seus pecados na rua, ajudando seu amigo Jonny (Robert de Niro). Charlie acredita que ajudando Jonnhy a sair da vida marginal, será uma forma de pagar seus pecados. Fora isso, Charlie namora a prima de Jonnhy, Teresa, que é epilética. O tio de Charlie pede para ele se afastar tanto de Jonnhy quanto de Teresa, diz que eles atrapalharão sua vida pessoal e profissional. mas Charlie insiste em permanecer com os dois, até que Jonnhy ameaça um dos agiotas que cobra uma dívida dele e as coisas se tornam perigosas para todos.
O filme tem todo o frescor de um jovem cineasta experimentando linguagem. Tem muita câmera na mão e Scorsese buscou referências no Cinema da nouvelle Vague francesa principalmente de Agnes Varda e Godard ( vide a cena de pós sexo entre Charlie e Teresa). O filme não é perfeito, mas o seu conjunto é muito interessante, com cenas isoladas antológicas, como o delírio de Charlie no bar. A fotografia em tons vermelhos do bar também é bastante significativa.
Harvy Keitel e de Niro estão na flor da idade, jovens, irrequietos, exalando vontade de querer fazer as coisas acontecerem. E a trilha sonora é magistral, com clássicos da época. Li que metade do orçamento foi para o pagamento dos direitos autorais das músicas.
Tem gente que diz que Charlie é o alter ego do próprio Scorsese, que cresceu nas violentas ruas do bairro italiano e que, católico, se apegou à religião e ao cinema para fugir do crime (Charlie sempre vai ao cinema).
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