sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

O sol tornará a brilhar

"A raisin in the sun", de Daniel Petrie (1961) Totalmente absorto com a beleza e a excelência do texto e das atuações nesse maravilhoso drama baseado na peça teatral de Lorraine Hansberry, escrito em 1959, no auge das manifestações contra o racismo nos Estados Unidos. O filme foi lançado em 1961, e reuniu no elenco a nata dos atores negros da época: Sidney Poitier, Ruby Dee, Diana Sands e a fabulosa Claudia Macneil, no papel da matriarca Lena, um personagem e história que lembra bastante "Vinhas da ira", de John Ford: Jamais perder a dignidade, nem em momentos de profunda decadência econômica. "O sol tornará a brilhar" é um texto extremamente ousado para a época em que foi escrita: fala de assuntos tabus, mesmo para os dias de hoje: aborto, machismo, identidade cultural afro-americana; ateísmo, feminismo e principalmente, racismo. Tudo isso é misturado em um caldeirão centrado em um cortiço da periferia de Chicago: é ali que mora a família Younger. Mãe, 2 filhos, a nora e o neto pequeno. A história começa com a família no aguardo do cheque do seguro pela morte do pai. Nessa expectativa, a mãe e seu filho, Walter (Poitier), têm idéías distintas sobre o que fazer com o valor: a mãe quer dar entrada no valor de uma casa; o filho quer comprar um negócio, uma loja de bebidas, e assim, deixar de trabalhar como motorista particular de um homem branco. Ruth, a nora, é conformada com a vida que leva e questiona os sonhos de ambição de seu marido. Beneatha, a filha, é universitária e se envolve com um africano que a faz ter consciência sobre a sua cultura negra. Acaba que Lena compra a casa, para infelicidade de Walter. e mais: ela comprou em um bairro de brancos, e a associação não quer que eles se mudem para lá. Muita coisa acontece nos 128 minutos do filme. Sim, ele tem uma estrutura bem teatral, assim como era "Quem tem medo de Virginia Wolff?". Mas o Diretor Daniel Petrie conduz tudo com muita maestria, sem tornar o filme cansativo, como foi o caso do filme de Denzel Washington, "Um limite entre nós", que ficou totalmente teatro filmado. Uma obra-prima, e que vontade de ver montada no palco novamente!

Um comentário: