terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Julieta dos Espíritos

Ju
"Giulietta degli spiriti ”, de Federico Fellini (1965) Fellini escreveu “Julieta dos Espíritos” para que sua esposa, a atriz Giuletta Masina a protagonizasse. Realizado logo após o grande sucesso de crítica “8 ½”, que ganhou vários Prêmios internacionais, incluindo o Oscar de Melhor filme estrangeiro. “Julieta dos Espíritos” não obteve na época uma boa avaliação da crítica, que o acusou de ser uma repetição da fórmula de “8 ½”. Não estão errados, pois sim, lá estão a crise existencial do protagonistas, que recorre aos fantasmas (espíritos) do passado para poder entender o seu presente. Os Fantasmas de Julieta são muitos: sua mãe possessiva que dá mais atenção às suas duas irmãs frívolas e egoístas; Laura, sua amiga que por amor, se suicidou; os freiras da escola que estudou quando criança. Mas ao mesmo tempo que existem similaridades com o filme de Mastroianni, existem muitas particularidades: “Julieta dos Espíritos” é o primeiro filme colorido de Fellini, que caprichou na Direção de arte, figurino e fotografia para intensificar o seu universo tão particular em forma de alegoria e alucinação. As cores fortes contrastam com o branco que emana dos sonhos e da atmosfera lúdica que Julieta recorre. O filme também é essencialmente feminino e feminista. Julieta, protagonizado por Giuletta Masina, poderia ser uma extensão de Cabíria, sua famosa personagem prostituta e de bom coração de “Noites de Cabíria”. Vai que ela casou com Giorgio, seu rico marido, e resolveu ser feliz? Mas ela continua ingênua. Seu marido a trai e Julieta não sabe o que fazer. Precisa que sua vizinha, a sexy e libertina Suzy ( Sandra Milo, antológica) lhe abra os olhos e a percepção para o novo mundo que está por vir. O filme é de 1965, o movimento feminista e a revolução sexual eclodem na Europa com força total. Suzy quer que Julieta se liberte tanto matromonialmente, quanto sexualmente. Não é uma taref fácil, e o que a impede, são os fantasmas recorrentes de sua mãe e da educação opressora que ela teve quando criança. Assim, “Julieta dos Espíritos” se aproxima mais do Universo de Ingmar Bergman. Falar sobre traumas do passado, reviver sua infância, são temas recorrentes na Obra do mestre sueco. No ano seguinte, Bergman lançaria “Persona”. Os filmes estão bem próximos, e Persona” é dos filmes mais legóricos de Bergman, vide seu prólogo. Julieta é seduzida a fazer Psicodrama, os personagens de Bergman fazem psicanálise. É no Sonho, matéria prima de Fellini, que ele busca referências para o seu Universo. Afinal, não é no sonho que buscamos o Cinema, segundo dizem Fellini e Bergman? "Julieta dos Espíritos" é um filme muito rico e complexo que precisa ser visto várias vezes.

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