terça-feira, 29 de janeiro de 2019
No portal da Eternidade
"At Eternity's gate", de Julian Schnabel (2018)
Biografia do pintor holandês, retratando seus últimos 80 dias de vida, quando morou nas cidades de Arles e Auvers-sur-Oise, ambas no Sul da França. Nesse período, Van Gogh, convalescendo fortemente de alucinações e de depressão, pintou 75 quadros, entre elas, "O quarto de Arles", um de seus quadros mais famosos. Foi nesse período que Van Gogh criou uma forte amizade com o pintor Gauguin ( Oscar Isaac) , cortou sua própria orelha à navalhadas, foi internado em uma clínica para loucos e finalmente, se suicidou no dia 27 de julho de 1890, com um tiro em seu estômago.
Julian Schnabel é artista plástico, e por isso, privilegiou em seu filme o sensorial. O espectador se sente observando a paisagem que Van Gogh observa. A câmera na mão, intensa e esquizofrênica quase que o filme todo, faz com que nos sintamos na montanha russa emocional pelo qual passava Van Gogh. É um filme autoral, quase experimental em sua narrativa. A fotografia de Benoît Delhomme é um absurdo, reproduzindo as cores e luzes das obras de Van Gogh, e por isso mesmo, um crime não ter sido indicado a prêmios da categoria. "No portal da eternidade"se aproxima bastante do conceito da animação "Loving Vincente": é intimista, muito lento, um estudo dos personagens que circundaram Van Gogh e como foram projetados para as telas do artista. Ambos os filmes dão destaque ao visual, deixando menos espaço para os diálogos.
Um filme para se deleitar, sem pressa. Um filme de Arte, literalmente.
Willen Dafoe, que foi indicado ao Oscar de Melhor Ator e venceu no Festival de Veneza, é aquele monstro de interpretação que já esperávamos. Visceral.
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