domingo, 6 de janeiro de 2019
Eu, Christiane F, 13 anos, drogada e prostituída
"Christiane F. - Wir Kinder vom Bahnhof Zoo", de Uli Edel (1981)
Assisti a esse filme quando foi lançado aqui no Brasil em 1982, no meio de muita polêmica e tentativas de proibição. Era um filme rigorosamente proibido para menores de 18 anos, e me surpreendi que ele foi exibido totalmente sem cortes.
Revê-lo quase 4 décadas depois, e tendo assistido a vários filmes sobre viciados em drogas pesadas que fizeram furor com a mídia e público, como "Réquiem para um sonho", 'Candy", Querido menino", "Transpotting", me fizeram constatar que sim, 'Christiane F." é um clássico e o melhor filme j;a feito sobre o tema.
Todos os outros filmes escondem e romantizam de certa forma o mundo dos viciados em drogas através de uma estilização das imagens, geralmente com linguagem publicitária ou moderninhas para seduzir o espectador. Aqui, a realidade é nua e crua, e o elenco, envolto no mais puto naturalismo das interpretações, nos fazem acreditar que sim, estamos testemunhando a destruição de toda uma geração amparada pelo desemprego, crise econômica, apatia social, incomunicabilidade dos parentes, ausência de amor e assistencialismo. Os jovens do filme estão entregues à sua própria sorte, e a um Mundo cão sem luz no fim do túnel.
Como todos sabem, o filme é a adaptação do livro escrito a 6 mãos sobre Christiane F, uma jovem classe média baixa, moradora da periferia de Berlin, que dos 12 aos 15 anos se envolveu com heroína, cocaína, Lsd e para poder bancar o vício, se prostituiu e roubou.
O filme não abre concessões a ninguém. Ele inclusive é acusado até hoje de espetaculalizar a degradação dos viciados, apresentando um mundo apocalíptico totalmente sem esperança e brutal. A trilha que parece saída de um filme de terror, as imagens absurdamente violentas e viscerais ( a cena de Christiane chicoteando um cliente até sangrar e expondo toda sua raiva é das mais cruéis que você já vai ter visto). O Diretor Uli Udel não conseguiu em sua carreira realizar um filme tão poderoso como esse, e o sucesso do filme, que estava na lista dos críticos em 1981 como estando entre os 10 mais do ano, muito se deve ao talento de Natja Brunckhorst, no papel principal, e o mais incrível, ela nunca tinha atuado antes. É impressionante a sua entrega, a sua mudança física, de postura, com a ajuda de uma maquiagem excelente.
Um filme atual, obrigatório, que não envelheceu nada e que infelizmente, mostra que o mundo não mudou nada, apenas o tipo de droga consumida pelos jovens.
David Bowie aparece em uma sequência de um show em Berlin, mas na verdade foi rodado em Nova York, e foi uma forma dos produtores seduzirem uma platéia maior para o filme. A música "Heroes" ficou antológica no filme.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário