domingo, 6 de janeiro de 2019

Querido menino

"Beautiful boy", de Felix van Groeningen (2018) Adaptado de 2 biografias, uma do pai jornalista do New York Times e outra do filho viciado em metanfetamina, heroína, cocaína e outras drogas pesadas, 'Querido menino" foi dirigido pelo cineasta belga Felix van Groeningen, que em 2012 lançou "Alabama Monroe", um filme destruidor sobre um casal que vai ao fundo do poço com a morte da filha. Felix van Groeningen sabe fazer filmes intensos e viscerais sobre perdas familiares. Mas assim como em "Alabama Monroe", toda a narrativa e o visual do filme acaba sendo bastante estilizado. A edição dá um tom mais moderno, indo e voltando no tempo, para fazer o espectador entender porquê um jovem chegou a esse ponto de vício quando na infância e adolescência ele era feliz. O ponto positivo do filme é que não julga ninguém, e mostra a destruição das drogas afetando não somente Nic ( Timotheé Chalamet), mas seu pai, David (Steve Carell), sua madrasta Karen, sua mãe Vicky e seus 2 irmãos pequenos. Todo esse núcleo familiar se esvai física e emocionalmente. O roteiro acompanha anos na vida de Nic, e suas várias idas e vindas em tratamentos, recaídas, curas e mais recaídas. Em duas horas de filme, acaba ficando repetitivo. E ainda tem a questão estética: família classe média, bem sucedida, e Nic interpretado pelo novo darling americano, Thimoteé Chalamet, todo bonitão no papel do drogado. Mesmo perdendo 10 kilos pro papel, ele continua hype, e fica difícil não enxergar um charme ali. Mas ele é bom ator, e sua performance tem arrebatado premiações. Steve Carrel é que carrega o filme nas costas, ele é o protagonista. É bacana acompanhar essa transformação de um comediante em um poderoso ator dramático. No final, aparecem várias cartelas falando sobre a grande índice de mortes por drogas em pessoas abaixo de 50 anos, política de tratamento, etc etc. "Querido menino"acaba sendo um filme denúncia, quase institucional sobre as consequências da droga e a consequente destruição da família, mas tendo a mensagem que somente o Amor da família consegue a cura. Parece um filme doutrinário, panfletário. E é. Pelo menos não inserem a religião no meio. De curiosidade, li que inicialmente, quem iria dirigir era Cameron Crowe ( de "Quase famosos") e Mark Walbergh iria protagonizar no lugar de Steve Carrel. O título original, "Beautiful boy", se refere à musica de John Lennon homônima que o pai canta pro filho.

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