quinta-feira, 12 de março de 2015
Quando a noite cai em Bucareste ou metabolismo
"Când se lasa seara peste Bucuresti sau metabolism", de Corneliu Porumboiu (2013)
Terceiro longa-metragem do Cineasta romeno Corneliu Porumboiu, que realizou anteriormente "A leste de Bucareste"e "Polícia: adjetivo". Diferente de seus conterrâneos mais famosos, como Cristian Mungiu ( de "4 meses, 3 semanas e 2 dias", que aposta no melodrama), Porumboiu aposta em um cinema estático, frio, sem emoção. Particularmente acho todos os seus filmes extremamente entediantes. O que faz "Quando a noite cai em Bucareste" de cerca forma interessante ao olhar do cinéfilo ( sim, apenas cinéfilos poderão assistir a esse filme) é a discussão viva e pertinente sobre o "Fazer o Cinema". Um olhar romântico sobre o processo de filmar, que hoje em dia com a tecnologia vai se perdendo. O cineasta propõe fazer essa pergunta e deixa-la em aberto: para onde vai o Cinema?
A metalinguagem invade o filme o tempo todo. A história gira em torno do relacionamento entre um Cineasta e uma Atriz. Eles mantém uma relação amorosa fora do set., às escondidas. Com a chegada do término da filmagem, o Cineasta sabota a produção, dizendo-se doente e impossibilitado de filmar, apenas para perdurar o seu tempo com a atriz. Enquanto isso, o Cineasta avisa à atriz que quer filmar uma cena de nudez dela, o que ela repele, pois como atriz, precisa saber da necessidade disso. O filme torna-se então um veículo para que o Próprio diretor do filme, Cornelius Poromboiu, se utilize do seu alter-ego fílmico e discuta porquê ele quer fazer cinema. Na primeira cena do filme, que dura cerca de 10 minutos e sem corte, todo dentro de um carro, acompanhamos a visão do cineasta sobe a diferença entre filmar com digital e com película, e porquê ele resolveu filmar o longa em película. Cada rolo de filme dura 11 minutos, logo ele tem esse limite para filmar uma cena. Com o digital isso não acontece, digital você pode gravar quase 1 hora direto. Dessa forma, ele discute com a atriz que essa limitação acaba sendo uma imposição para a sua decupagem. Ele não pode filmar mais, suas cenas deverão ter no máximo 11 minutos. E isso acontece no filme de verdade! São planos longos, maioria fixo, de quase 11 minutos cada, filmado em 35 mm. Parece confuso? Não, o filme é sim, entediante. Durante quase 90 minutos, acompanhamos a discussão sem fim do casal, que falam inclusive sobre comida chinesa no restaurante. Parece até diálogo de filme de Tarantino, quando discute sobre o Big Mac. Todas as cenas são em plano único, sem cortes. Quase tudo em plano geral, close não existe.
O filme me lembra bastante outro filme romeno, "Terça-feira, antes do Natal", de Radu Montean. Nesse filme, acompanhamos a relação entre um casal que mantém uma relação fria. Tudo filmado em planos únicos, também sem corte.
Recomendar o filme é difícil: tem que ser muito Cinéfilo para poder ver. Para mim, valeu os diálogos que discutem sobre a natureza de se fazer filmes.
Nota: 6
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