sexta-feira, 13 de março de 2015
O último ato
"The humbling", de Barry Levinson (2014)
Diretor de "Bugsy", "Rain man" e "Bom dia, Vietnã", Levinson trouxe para as telas a adaptação cinematográfica do romance de Philip Roth, de mesmo título. Al Pacino comprou os direitos do livro e protagoniza esse filme que pode com certeza ser comparado a um primo-irmão de "Birdman". Filme e vida pessoal se misturam. Em "Birdman", o conflito de Michael Keaton como ator vem à tona, e aqui com Al Pacino o drama é o mesmo: o envelhecimento do ator traz consigo também sinais de decadência física e moral? É hora de se aposentar? Devemos nos arrepender de escolhas erradas do passado, ou usá-las como experiência de vida?
Todas essas questões são levantadas em ambos os filmes. Nos últimos anos, Al Pacino não conseguiu fazer nenhum filme que chamasse a atenção da crítica ou do público. A comédia "Cuidado com as gêmeas", com Adam Sandler, foi considerado por Pacino como um ato desesperado de fundo de poço.
Em "O último ato", tanto Pacino quanto seu personagem procuram, desesperadamente, um sentido para atuar. Velho, cansado e desmemoriado, Simon( Pacino) tenta se matar durante uma peça. Ele é ;evado `uma clínica e fica internado ali. Ao sair, ele se muda. Porém, um dia, uma jovem vem visitá-lo. Peggen (Greta Gerwig, de "Frances ha") é a filha de um amigo de Alex. Ela desde criança era apaixonada por Alex, mas perante o seu esnobamento, ela acabou virando lésbica. Mas ao revê-lo, ela decide namorar ele. Pegeen dá aula de atuação em uma faculdade e usa Alex como muso e mentor. Alex de início acha ótimo, mas logo depois entende que a relação não será nada boa para ele nesse momento de vida.
Fazendo uma critica aos artistas e à dura realidade deles, o roteirista Philip Roth tenta trazer um pouco de humor ácido ao tema cruel que ele propõe. Literalmente, o Ator em crise quer se matar, pois não v6e mais sentido para viver se ele não pode entreter sua platéia.
Greta Gerwig meio que remete o seu tipo que ela tem feito nos trabalhos mais recentes: a maluquinha, meio bipolar, antenada com tudo. Al Pacino está bem, mas ainda assim, longe do que já foi um dia. Da minha parte, não consigo mais encontrar o carisma que ele já nos presenteou em papéis clássicos, como em 'Scarface" e "Poderoso chefão". Dianne Wiest faz uma pequena ponta, e também trazendo saudades dos papéís maravilhosos que ela fez principalmente com Woody Allen.
" O último ato" não é um filme fácil. Ele é baixo astral, depressivo, mesmo que com uma embalagem de filme satírico. Falar sobre artistas decadentes e da terceira idade quase sempre resulta em melancolia e depressão. Não que o filme seja assim, nessa energia. Mas faltou a Barry Levinson uma levada mais cinematográfica, que trouxesse encantamento estético ou mesmo dinamismo a um texto tão verborrágico e pesado. Acabou resultando em um filme frio, que mesmo que com boas atuações, fica devendo em emoção. Os personagens não são nada carismáticos, e aí demora pra gente embarcar no filme.
O ponto alto é a discussão sobre a arte de Atuar que muitas vezes se mistura, para o Ator, entre o que é real e o que é ficção, e quando ele deve usar e abusar da contribuição do ator e sua memória afetiva para o seu personagem.
Pela mensagem do filme, a contribuição do Ator para o seu personagem precisa ser 100%.
Nota: 7
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