domingo, 15 de março de 2015
Meus dois amores
"Meus dois amores", de Luiz Henrique Rios (2015)
Em 1946, o escritor mineiro do município de Cordisburgo, Guimarães Rosa, escreveu seu romance de contos "Sagarana". Desse romance, saiu o seu conto mais conhecido, "A hora e a vez de Augusto Matraga", adaptado duas vezes no cinema. O cineasta Luiz Henrique Rios buscou no livro um conto, "Corpo fechado", e dele fez a sua estréia no cinema, intitulado 'Meus dois amores". Enquanto a atual filmografia nacional tem se dividio entre o Cinema de Pernambuco e as comédias populares que arrebatam multidões ao cinema, "Meus dois amores" procura fazer essa junção entre o popular e o folclórico, entre o humor e o realismo fantástico. O mais incrível no roteiro adaptado por Zeca Carvalho foi ter mantida a prosa e a poesia saborosa do original de Guimarães Rosa. Os diálogos são um primor, combinando coloquialismo e prosódia mineira e que, na bica dos personagens, sôam líricas e lúdicas. Alias, fantasia é o grande mote do filme: ele propõe ao espectador embarcar nessa história ambientada em uma cidade do interior de Minas, Laginha, e testemunharmos as figuras heróicas e vilanescas que habitam o lugar. Nessa mescla do Universo do Faroeste de Sergio Leone com o que Mazzaropi tinha de melhor, que era a ingenuidade e pureza do herói de bom coração, "Meus dois amores" diverte e emociona.
Cada personagem do filme é carinhosamente, uma caricatura de tudo o que já vimos em tantos filmes: o mocinho, a mocinha, o vilão matador, o feiticeiro da floresta, a virgem, o padre, o coronel inóspito. Aí alguém diz: "Mas essas pessoas não existem!". Podem não existir na vida real, mas no nosso imaginário da Cultura popular brasileira, habitam nossas mentes desde os primeiros livros de Monteiro Lobato e outros grandes escritores brasileiros.
O elenco é uma diversão total: Caio Blat, Maria Flor, Lima Duarte, Milton Gonçalves, Alexandre Borges, Fabiana Karla, Marcelo Escorel. Um detrator de comédia pode explanar: "Mas são todos atores Globais!". Mas gente, desde quando isso foi pecado? Aliás, o elenco trabalha harmoniosamente atores de tv e de teatro de forma inteligente e bem destribuída. Guilherme Weber, que tem formação teatral, se diverte tanto quanto qualquer um no filme. E mesmo os glbais, interpretam aqui tipos totalmente diferentes do que já fizeram. A grande surpresa fica por conta de Fabiana Karla, interpretando uma vilã de proporções minimalistas, sábia, sem caras e bocas.
Para quem se permitir assistir a um filme que resgata a brasilidade e a cultura mineira, vai poder avaliar um projeto que transborda carinho e paixão seja na excelente fotografia de Roberto Amadeo, na DIreção de Arte de Paulo Flaksman e figurino de Inês Salgado. A destacar também a trilha sonora de Plinio Profeta, rica e sem brigar com o que se Vê na tela.
Vamos assistir!
Ah, a história: Manuel (Caio Blat) é um jovem vaqueiro que cuida das terras com sua mãe (Vera Holtz). Pobre, ele quer casar com sua noiva Das Dô (Maria Flor), que por sua vez, sente ciúmes da grande afeição de Manuel por sua mula. Súbito, um matador e sequestrador de noivas surge na cidade e provoca o pânico na população.
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