segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Dormir de olhos abertos

'Dormir de olhos abertos", de Nele Wohlatz (2024) A diretora alemã radicada na Argentina Nele Wohlatz lançou em 2016 o excelente e divertido "O futuro perfeito", sobre uma chinesa que se matricula em um curso de espanhol para estrangeiros para falar espanhol. "Dormir de olhos abertos" traz novamente protagonismo asiático para uma bizarra e estranha história de chineses turistas e alguns residentes em Recife. Quando a cineasta Nele Wohlatz conheceu Kleber MEndonça Filho, ele lhe comentou sobre Recife, e ela decidiu ambientar a sua história ali, que, segundo um dos chineses "O carnaval dura o ano inteiro". Olhando por cima, o filme é um olhar estrangeiro sobre Recife, com sua exuberância, exotismo e diversidade cultural de um povo alegre e divertido, contrastando com a frieza dos chineses. Me fez lembrar de "Encontros e desencontros", de Sofia Coppola, e de que forma um país estranegiro é visto pelo olhar de fora. Kai (Liai Kai Ro) é uma chinesa de Taiwan que vem passar as férias em Recife. Ela aguarda seu namorado, que nunca vem. Em seu quarto, o ar condicionado faz barulho, o que a impede de dormir. Ela conhece o dono de uma loja de guarda chuvas, o chinês Fu Ang. Ele não vende nenhum guarda chuva, pois na cidade, não chove. Quando ela vai procurá-lo novamente, ele foi embora, largando o comércio. Kai recebe uma caixa com cartões postais de chineses relatando a rotina deles na cidade, e passa a ler as histórias. Nele utiliza o mesmo tipo de humor surreal que ela explorou em seu filme anterior, um humor muito semelhante ao de Mika Kaurismaki, baseado em tempos mortos e no patético. Tem uma cena de falas divertidas onde KAi pergunta a um turista argentino como ela poderia fazer para se sentir menos estrangeira em Recife, pois tem a impressão de que todos olham para ela como se ela não fosse dali.

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