quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Quando chega o outono

"Quand vient l'automne", de François Ozon (2024) Melhor roteiro no Festival de San Sebastian 2024, "Quando chega o outono" me fez lembrar de outro filme de François Ozon, 'Dentro de casa", de 2014, que traz elementos de drama e de suspense em uma trama requintada e jamais previsível. A idéia do roteiro partiu de um evento real que aocnteceu com Ozon: Uma de suas tias preparou uma refeição para toda a família com cogumelos que ela mesma havia colhido na floresta, e todos ficaram doentes na noite seguinte, exceto ela, pois ela não havia comido os cogumelos. Ozon ficou fascinado com o que aconteceu e suspeitou que sua tia queria envenenar todo mundo. Com essa idéia, Ozon trouxe protagonismo à atrizes da terceira idade. O filme traz um elenco formidável, composto por Helene Vincent, como Michelle; Josiane Balasko, como Marie Claire Perrin, melhor amiga de Michelle; Ludivine Saignier, como Valerie Tessier, filha de Michelle; e Pierre Lotin, como Vincent Perrin, filho de Marie Claire. (Pierre Lotin é protagonista do excelente "A fanfarra", de 2024) Michelle é uma idosa que mora em uma bela casa de campo na vila da Borgonha. Ela desfruta de sua rotina com Marie Claire, sua melhor amiga. Valerie chega com seu filho Lucas para que ele passe o final de semana com a avó, enquanto Valerie resolve seu divórcio em Paris. Mas no almoço, Valerie passa mal ao comer os cogumelos que sua mãe preparou, e acredita que ela quiz envenená-la, por desavenças na herança. Valerie decide levar seu filho de volta para Paris, deixando Michelle frustrada. Vincent por sua vez, é solto da prisão, e quer socializar novamente. Michelle o contrata para ser seu jardineiro. O roteiro vai construindo uma narrativa que, ao mesmo tempo que diverte, traz elementos de suspense, deixando o espectador inquieto sobre o desenrolar dos fatos. O elenco está soberbo (Ozon sempre soube dirigir seus atores). A fotografia e a direção de arte trabalham juntos para dar um tom poético e solar ao filme.

Delantero

"Delantero", de Irán Hernández Castillo (2021) Drama LGBTQIAP+ cubano, escrito e dirigido por Irán Hernández Castillo. O filme traz o drama do adolescente Freddie (Victor Cruz), que mora com seu pai viúvo, Ruben (Jorge Martinez). Ruben sempre quiz que Freddie fosse um jogador de futebol, e mal sabe ele que levar o filho a frequentar o ambiente esportivo atiçou no filho o desejo por corpos masculinos. Freddie é enrustido e teme que sei pai e seus colegas de time descubram que é gay. Ele é enviado por seu pai para morar momentaneamente com a tia de Freddie para ele poder estudar e treinar. Freddie finge namorar uma garota, mas seus desejos por um dos colegas do time são mais fortes. Começa a rolar uma fofoca de que Fredie é gay, e ele precisa tomar uma decisão em sua vida. "Delantero" tem um roteiro que vai no lugar comum de gays que vivem uma vida dupla por conta do ambiente esportivo tóxico em que convivem. O filme se apóia nas boas performances e na curiosidade de conhecer uma Havana mais de classe média, sem apresnetar a pobreza da cidade.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Love me

"Love me", de Andrew Zuchero e Sam Zuchero (2024) Quando "Tudo em todo lugar ao mesmo tempo", de Daniel Scheinert e Daniel Kwan foi lançado em 2022, eu saí do cinema com a impressão de ter tido uma experiência esquizofrênica e que não tinha sido agradável. Agora com "Love me", do casal Andrew Zuchero e Sam Zuchero, em seu longa de estréia, eu fiquei com essa mesma sensação ao triplo. Gostei? Não gostei? Pesou mais para o "não gostei". Certamente é um filme que merece uma revisão, algum dia. A primeira pergunta que faço, é para quem se detsina o filme? não há uma narrtiva linear, é uma narrtiva experimental, uma metáfora sobr eo uso da inteligência artificial sendo recriada por 2 elementos sem ida própria, uma bóia e um satélite, que se comunicam muitos anos depois da extinção da humanidade. Esses elementos, munidos de inteligência artificial, conseguem acessar um canal de youtube e focar em um casal de youtubers, Deja (Kristen Stewart) e seu namorado Liam (Steven Yeun), que mostram para seus seguidores a convivência de casal 24 horas online. A bóia e o satélite recriam o mesmo casal em AI e dão um outro rumo ao romance e relacionamento. No início pensei muito em "Wall.e", quando estava somente a bóia no mar, solitária. Mas daí começou uma verdadeira loucura narrativa e confesso que esse casal de diretores e roteiristas são bastante criativos ao criar uma história tão bizarra e estranhíssima. Mas fiquei entediado quase que o tempo todo, e a história não me pegou. Toda a parte de rede social é muito bem explorada e os efeitos de edição são muito originais.

Straight

'Straight", de Marcelo Tobar (2023) Adaptação de uma peça teatral, 'Straight" é um drama romântico LGBTQIAP+ mexicano. O filme traz apenas 3 personagens, em boa parte do tempo, no apartamento de Roberto (Alejandro Speitzer), um banqueiro na faixa dos 30 anos, bonito e rico, morando em um apartamento de alto estilo. Há 6 anos, ele namora a bióloga Elia (Barbara Loez). Mas quando Roberto utiliza um app gay, ele conhece o jovem Cris (Franco Masini), e sua vida se transforma em um grande conflito: apaixonado por Cris e apaixonado por Barbara, e pressionado pelos dois, Roberto precisa tomar uma decisão: ou se assume gay, ou mantém seu relacionamento com Barbara. Em ambos os casos, ele irá ferir um dos amantes. O filme não esconde a sua base teatral: é bastante verborrágico, e mesmo a câmera e a fotografia buscando ângulos e movimentos de câmera para dar dinamismo, o tetxo e diálogos emperram a narrativa. As cenas de romance não são sexies, falta mais tempero nas cenas de sedução. Os atores estão bem, mas é pouco para seduzir o epsectador. O filme ficou lento e arrastado.

Desafie a escuridão

"Brave the dark", de Damian Harris (2024) A Angel studios ficou mundialmente por trazer grandes sucessos de bilheteria como a série "The chosen" e o drama "O som da liberdade". Focada em temáticas cristãs, os filmes trazem mensagens edificantes e doutrinárias sobre personagens fora da curva e como, com a ajuda das pessoas certas, elas se reinventam. Com "Enfrente a escuridão", a produtora traz um drama baseado em fatos reais. Nos anos 80, na Pensilvânia, os caminhos do professor de teatro Stan Deen (Jared Harris) e a de seu aluno rebelde Natyhan (Nicolas Hamilton) se cruzam. Natan mora em um carro, e não qer morar com seus avós, que o tratam com frieza. Natan tem um passado traumático, que envolve o suicídio de sua mãe. Após praticar um ato de vandalismo, Natan vai preso. Stan, ciente da situação do rapaz, decide pagar sua fiança e ser seu mentor. Claro que durante a trajetória de redenção de Natan, ele terá que passar por muitas provações, assim como a resiliência de Stan, que jamais desiste do rapaz, por conta de seus preceitos cristãos. O filme conta com boas atuações de HArris e Hamilton, e mesmo sendo uma história óbvia, o espectador que vai em busca de filmes sobre a fé, irá se emocionar, principalmente quando no dsfecho, surgem as fotos reais de Stan e Natan.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Housewarming

"Housewarming", de Liam White (2024) Melhor curta no Festival Raindance 2024, escrito e dirigido por Liam White, "Housewarming" é um thriller sobre uma mulher, Saskia (Charley Clive) que acaba de se mudar para a sua 1a casa, onde irá morar sozinha. Feliz pela sua independência, Saskia, uma professora, decsobre que morar sozinha tem seus revezes. Principalmente quando vizinhos estranhos e principalmente, um homem sinistro, Craig (Barry Ward), aparece na sua porta. Ele procura pela ex-namorada, que morava ali, sem saber que a casa foi vendida. Assustador, Craig pede um favor para Saskia: carregar seu celular. Ela consente, mas pede que ele aguarde do lado de fora. Na cozinha, enquanto manda mensagens, ela descobre que Craig entrou na casa, pedindo para usar o banheiro. O filme, bem dirigido por Liam White, traduz a felicidade e ao mesmo tempo, o medo de quem mora sozinho em uma casa. Deixando pontas em aberto, é uma parábola sobre independência, mas também, uma história de pesadelo sobre isolamento.

Mulher objeto

"Mulher objeto", de Silvio de Abreu (1981) Clássico do cinema erótico de 1981, Mulher objeto" foi dirigido pelo roteirista e diretor Silvio de Abreu. O filme é estrelado pela musa do cinema erótico Helena Ramos, e traz no elenco Nuno Leal Maia, Yara Amaral, Kate Lyra, Maria Lucia Dahl e Helio Soutto. A história é do cineasta Alberto Salvá. O filme teve inspiração no grande sucesso de "A dama do lotação", que tem uma história muito parecida sobre uma mulher frígida que nao consegue fazer sexo com seu marido rico (em ambos os filmes, Nuno Leal Maia). O filme também traz referências à "Repulsa ao sexo", de Roman Polansky, sobre um trauma de infância que envolve abuso sexual cometido pelo pai. Regina (Ramos) teve uma vida pobre, mas ao se tornaar secretária de Hélio(Maia), acabou se casando com ele. Com o passar dos anos, Regina foi ficando frígida, o que destrói seu casamento. Ela só consegue ter prazer com outros homens que ela imagina em seus sonhos. Tem uma bela cena de sexo entre Helena Ramos e Maria lucia Dahl, com a narração da personagem de Maria Lucia falando sobre as vantagens do sexo entre 2 mulheres. A cena é embalada pela música de "O expresso da meia noite", de George Moroder, e nem sei se teve direitos sobre ela. O filme traz muitas cenas de sexo envolvendo fetiches, bondage, incesto, lesbianismo, e até uma ousada e poirbida cena de sexo com dois menores de idade. O filem é longo, 2 horas, e não tem história que sustente tanto tempo de tela.

Os sapos

"Os sapos", de Clara Linhart (2024) Adaptação da peça teatral 'Oa sapos", escrito por Renata Mizrahi, baseado em uma experiência pessoal que ela teve: ao viajar para uma casa isolada no campo, ela precisou conviver com 2 casais onde ela testemunhou relacionamentos dependentes e tóxicos, sem que as mulheres dos casais pudesse perceber o tipo de relacionamento que estavam vivendo. A diretora Clara Linhart adaptou para curta em 2011, e agora, lança a versão em longa-metragem. Veronica Reis, que na peça de teatro viveu a protagonista, dá seu lugar à Thalita Carauta, no papel de Paula. Os outros 2 casais são Marcelo (Pierre Santos) e Luciana (Karina Ramil) e Claudio (Paulo Hamilton) e Fabiana (Veronica Reis). Paula é convidada por Marcelo a passar um final de semana na casa que ele tem, em Nova Friburgo. A idéia é fazer um churrasco reunindo a turma que não se vê há 20 anos. Mas ao chegar na casa, Paula descobre que o churrasco foi cancelado, e ela não foi avisada. Luciana tenta agradar a amiga de Marcelo, mas é nítido seu ciúme. O ônibus de volta só passa uma vez por dia, logo, Paula terá que passar a noite ali. Ela decide ir pra cachoeira e ficar de noite para a fogueira. Um vizinho, o músico Claudio, surge e convida a todos para um show, mas por conta do tempo frio, o evento é cancelado. Fabiana, namorada de Claudio, surge e puxa conversa com Paula. Paula irá fazer aflorar nas duas mulheres um sentimento de autodescoberta e de auto valorização, diante relacionamentos claramente abusivos e t;oxicos. A própria Paula recém terminou um relacionamento complexo, e ela sofre uma tentativa de estupro de Claudio. O filme alterna momentos de humor e drama. À medida que o filme avança, é nítido que o drama se sobrepõe. A decupagem de Clara favorece planos abertos onde quase toda a cena acontece ali, sem closes. O que mais chama a atenção, é a excelente direção de atores, dando um tom naturalista e eficiente nos silêncios e reações.

Dormir de olhos abertos

'Dormir de olhos abertos", de Nele Wohlatz (2024) A diretora alemã radicada na Argentina Nele Wohlatz lançou em 2016 o excelente e divertido "O futuro perfeito", sobre uma chinesa que se matricula em um curso de espanhol para estrangeiros para falar espanhol. "Dormir de olhos abertos" traz novamente protagonismo asiático para uma bizarra e estranha história de chineses turistas e alguns residentes em Recife. Quando a cineasta Nele Wohlatz conheceu Kleber MEndonça Filho, ele lhe comentou sobre Recife, e ela decidiu ambientar a sua história ali, que, segundo um dos chineses "O carnaval dura o ano inteiro". Olhando por cima, o filme é um olhar estrangeiro sobre Recife, com sua exuberância, exotismo e diversidade cultural de um povo alegre e divertido, contrastando com a frieza dos chineses. Me fez lembrar de "Encontros e desencontros", de Sofia Coppola, e de que forma um país estranegiro é visto pelo olhar de fora. Kai (Liai Kai Ro) é uma chinesa de Taiwan que vem passar as férias em Recife. Ela aguarda seu namorado, que nunca vem. Em seu quarto, o ar condicionado faz barulho, o que a impede de dormir. Ela conhece o dono de uma loja de guarda chuvas, o chinês Fu Ang. Ele não vende nenhum guarda chuva, pois na cidade, não chove. Quando ela vai procurá-lo novamente, ele foi embora, largando o comércio. Kai recebe uma caixa com cartões postais de chineses relatando a rotina deles na cidade, e passa a ler as histórias. Nele utiliza o mesmo tipo de humor surreal que ela explorou em seu filme anterior, um humor muito semelhante ao de Mika Kaurismaki, baseado em tempos mortos e no patético. Tem uma cena de falas divertidas onde KAi pergunta a um turista argentino como ela poderia fazer para se sentir menos estrangeira em Recife, pois tem a impressão de que todos olham para ela como se ela não fosse dali.

domingo, 16 de fevereiro de 2025

Mãe, se eu fosse uma vampira

"Mom, if I were a vampire", de Deborah Devyn Chuang (2022) Ótimo curta de terror Lgbt de Taiwan, "Mãe, se eu fiosse uma vampira" ;embra o cult "Grave", de Julia Ducournau: uma adolescente decsobre a sua sexualidade através da visão do sangue e ao experimentá-lo, é como se fosse a sua iniciação sexual, um passo adiante para a sua maturidade. Com uma fotografia que traz elementos de filmes de Wong Kar Wai, repleto de estilização e de uso de lentes grandes angulares, o filme apresenta Wen (Ting Chiu), 17 anos, em conflito com sua mãe (Jou Min Huang), que não a entende. Na escola, Wen sofre bullying de outras meninas, até que conhece Jo (Yu Xuan Wang), uma jovem rebelde e decsolada que dá uma lição nas garotas do bullying. Jo convida Wen para uma balada, mas no retorno para casa, Wen é atacada por um estuprador. Quando Jo corta o pescoço do homem, o sangue espirra em Wen, que imediatamente se transforma em uma vampira. Todo o ato final é deslumbrante, e o último plano, ao som de " A real hero", do College e Eletric youth, da trilha do filme "Drive", é um primor. O filme é um ato de liberdade e de grito feminino e feminista. É um filme de 17 minutos que vale cada minuto, repleto de criatividade, energia e respirando cinema pop.

3,5 Stunden

"3, 5 Stunden ", de Ed Herzog (2021) O Muro de Berlim foi construído na noite de 12 para 13 de agosto de 1961, com a finalidade de impedir que os cidadãos do lado oriental fugissem para a parte ocidental da cidade. O filme "3,5 stunden" é uma ficção inspirada em fatos reais: no dia 13 de agosto de 1961, um trem partia de Munique para Berlim, capital da RDA. Durante o trajeto, eles ouvem que um muro está sendo levantado e separando a Alemanha em duas. Os passageiros têm 3 horas e 1/2 para decidir se saltam na última estação antes de chegar em Berlim, e selando as suas vidas para sempre. Muitos não sabem o que fazer, pois suas vidas os aguardam em Berlim: entre eles. um jovem grupo musical pop; um casal idoso que corre o risco de nunca mais poder ver o filho, que mora em Munique; um pai que conseguiu um emprego na parte ocidental, mas cuja esposa tem apreço ao comunismo, e quer retornar para Berlim; uma ginasta e seu treinador; um jovem casal gay; uma filha que não quer abandonar seu pai idoso, ex-soldado nazista,\; um cinegrafista que entrevista a maquinista do trem e acabam se apaixonando; entre outras histórias. Nesse filme coral, são muitos os personagens e muitas histórias interessantes que lidam com questões políticas, sociais, amores de gerações eg6eneros distintos, sonhos. O elenco é bom e a trama é bem conduzida pelo roteiro e pela direção, ganhando tensão à medida que o filme avança. Boa direção de arte que reconstitui o trem de época com muitos detalhes.

L'amour ouf

"L'amour ouf", de Gilles Lellouche (2024) Concorrendo à Palma de ouro do Festival de Cannes 2024, "L'amour ouf" foi um grande sucesso de público na França, com 5 milhões de espectadores. No entanto, a crítica detonou o filme, e em Cannes, dos 22 concorrentes, foi o filme com a pior avaliação. Mas vou dar minha opinião: é dos melhores romances da última safra. O filme é um melodrama criminal, daqueles que o público torce pelo casal principal, brilhantemente represnetado na adolescência por Mallory Wanecque e Malik Frika e na fase adulta por Adele Exarchopoulos e François Civil, nos papéis de Jackie e Clotaire. O filme traz drama, romance, policial e musical, esplendorosamente fotografado e filmado por Laurent Tangy. O elenco ainda reúne a nata do cinema francês: Alain Chabat como o pai de Jackie, Elodie Bouchez e Karim Leklouz como os pais de Clotaire, Vicent Lyndon como um dos amantes de Jackie, Benoît Poelvoorde como um traficante. O filme se passa entre os anos 80 e 90, trazendo clássicos musicais da época: The Cure, Everything but the girl, Prince, Alan Parsons, e no momento mais sublime, 'Eyes witout a face", de Billy idol. Adaptado do romance irlandês best-seller de 1997 "Jackie Loves Johnser OK?" de Neville Thompson, o filme traz a clássica história de amor entre uma menina comportada, Jackie, órfã de mãe e educada com muito amor pelo pai, com Clotaire, um garoto rebelde que se mete com traficantes e vai preso. Ao sair da prisão 12 anos depois, ele quer se vingar por um crime que não cometeu, mas o seu amor por Jackie, agora casada, o deixa cada vez mais transtornado. O filme traz um lindo número musical ao som de "The forest", do the Cure, que embala o amor do casal. O que joga contra o filme é a sua longa duração, de 164 minutos. Mas ao final, quem embarcar nessa jornada épica sobre o amor, sairá apaixonado.

From zero to I love you

"From zero to I love you", de Doug Spearman (2019) Escrito e dirigido por Doug Spearman, "From zero to I love you" é um drama romântico Lgbtqiap+ indie americano. O filme traz 2 protagonistas: Jack (Scott Bailey) e Pete (Darryl Stephens). Ambos moram na Filadélfia. Jack tem um casamento feliz há 15 anos com Pamela (Leslie Zemeckis) e é pai de 2 filhos adolescentes. Durante uma festa, Jack se embebeda e acaba beijando o garçon. Esse evento desperta nele um interesse por homens, que até então ele desconhecia. Pete é um gay solteiro e tem o péssimo hábito de se apaixonar por homens casados. Seu pai e sua madrasta procuram encontrar o homem ideal para ele. Jack e Pete acabam se conhecendo e entre os dois rola um interese. Jack mantém encontro às escondidas com Pete, mas Pete quer alguém sério para namorar. Jack vai ao terapeuta para entender o que está acontecendo com ele. Filme fraco em todos os níveis: atuações medianas, roteiro sem profundidade, falta de ritmo. As cenas que são para ser cômicas não funcionam, as cenas românticas falta química ao elenco. Fiquei até com pena da esposa ludibriada de Jack.

Nice view

"Qi ji · Ben xiao hai", de Muye Wen (2022) Vencedor de mais de 30 prêmios internacionais e indicado pela China à uma vaga ao Oscar de filme internacional 2023, "Nice view" se tornou um grande sucesso de público na China, sendo o 9o filme mais visto no país em 2023. Em 2013, em Shengzhen, Jing Hao (Jackson Yee), 20 anos, possui uma pequena loja de reparos de celulares. Ele mora com sua irmã de 6 anos, Tongtong (Halin Chen), que possui uma doença no coração, a mesma que matou a mãe deles. O pai os abandonou. Sem dinheiro para pagar o aluguel e sem dinheiro para pagar a cirurgia do coração da irmã, Jing encontra a solução financeira ao adquirir um lote de celulares conficados pela alfândega e recusados pelas empresas por estarem danificados. O governo lança uma lei que poíbe revender celulares de 2a mão, e Jong se desespera. Ela decide então procurar o fabricante dos celulares e oferecer as peças dos aparelhos para serem reaproveitados pela empresa. O dono lhe dá um prazo para entregar as peças, sem danificação, e asism, pagar após a certificação. Jing monta uma equipe de desajustados para a empreitada, com a promessa de pagar depois da entrega. Já no primeiro minuto do filme, o espectador sabe que irá chorar muito nesse filme. O diretor Muye Wen não economiza no melodrama e no sofrimento dos personagens. É um filme que mostra que a dedicação ao trabalho, a busca pela perfeição e as boas intenções são o que salvam o ser humano do fracasso. Nessa mensagem capitalista em um mundo comunista, "Nice view" traz uma fórmula sobre o sucesso profissional. O elenco é todo muito bom, naquele clich6e de um grupo de marginalizados pela sociedade que encontram um trunfo.

sábado, 15 de fevereiro de 2025

Cabin pressure

"Cabin Pressure - 'Anya leszek csak azért is!'", de Sára Czira e Eszter Nagy (2024) Documentário húngaro que trata de um tema bastante contemporâneo: as famílias dos tempos modernos, diferente das clássicas famílias tradicionais. Heni é uma mulher húngara de 36 anos de idade, que se muda para Barcelona para trabalhar como diretora de arte em produções audiovisuais. Heni deseja muito ter um filho, mas os relacionamentos que ela teve com homens a desencorajou a formar um casal tradicional. Temendo chegar aos 40 e sem tempo de conseguir um novo parceiro, Heni decide seguir o conselho de uma amiga: ela aceita um homem gay, 15 anos mais velho do que ela, ser o pai de seu filho. Andrey é russo, nascido em Moscou, mas mora em Barcelona. Eles se conhecem e formam um acordo para criarem o filho, cada um em seu canto. Durante a gravidez, surge a covid, o que dificulta e assusta Heni e Andrey. Para piorar, as famílias conservadores de Heni, na Hungria, e de Andrey, em moscou, podem não entender o acordo feito para terem um filho in vitro e com um pai gay. O filme começa com uma cartela alertando que o filme foi rodado entre 2019 e 2022, antes da guerra entre Ucrânia e Rússia. São tantas coisas que aconteceram no entorno de Heni nesses anos de realização do filme, sendo que a pandemia certamente foi a mais dramática, que o tema da gravidez in vitro entre um casal não afetivo acaba sendo o pano de fundo: homofobia, religião, covid, isolamento, etarismo, sociedade machista, depressão, maternidade...é um filme comovente, sobre pessoas solitárias que buscam se apoiar em seus desejos afetivos de maternidade/paternidade.

Entre montanhas

"The Gorge", de Scott Derrickson (2024) Scott Derrickson é conhecido por ter dirigido 'Dr Estranho" para a Marvel e o terror "O telefone preto". Com "Entre montanhas", Derrinckson realiza um filme híbrido de gêneros: misto de romance, filme de ação, aventura, fantasia e terror. Mas ao final, o que prevalece, é o amor, quase como se toda a parte de monstros, vilões e etc fosse necessário para que o casal apaixonado possa ficar junto no final. O filme começa quase como um filme silencioso, sem falas, daí parte para um romance, filme de ação, monstros e vilões malvados. A duração é desnecessariamente longa, com 2hrs5 minutos, podia ter encomizado uns 20 minutos aí, pois o 1o e o 2o ato tem muita enrolação. Dois agentes militares altamente perigosos, Levi (Miles Teller) e Drasa (Anya Taylor Joy), que não se conhecem, são convocados pela general Bartolomeu (Sigourney Weaver) para seguirem para uma distante e isolada região na Filândia e trabalharem em postos isolados e distantes, para ficarem em vigília. Ambos não sabem o que estão vigiando. Sem contatos físicos e sem comunicação, e tendo cada um no lado oposto do desfiladeiro, Levi e Drasa acabam se vendo e se comunicando por placas e binóculos. Mas logo descobrem que seres mutantes, chamados de homens ocos, espreitam a região e querem invadir os postos de vigília. Apesar de longo, o filme é interessante pela proposta inusitada de ser um filme de monstros, mas tendo foco maior no romance do casal. O público torce por eles e paricularmente, gosto da química dos dois. Sempre achei Miles Teller um ótimo ator pouco aproveitado por Hollywood. Sigoruney faz uma bandidona da pior espécie e está ótima. Os efeitos são ok, e os homens ocos parecem até aquele shomens árvores de "o Senhor dos anéis".

A vilã das nove

"A vilã das nove", de Teodoro Poppovic (2024) Drama brasileiro protagonizado por um excelente time de atrizes: Karine Teles, Camila Márdila, Alice Wegmann, Angela Rabello, além de participações afetivas de Antonio Pitanga, Felipe Rocha, Otto Jr e João Fernandes. O filme apresenta Roberta (Teles), divorciada e mãe da adolescente Raquel (Rabello). Roberta é fonoaudióloga e trabalha com uma clientela formada em sua maioria por atores. Um dia, um dos atores a convida para uma festa comemorando a estréia d anovela que ele participa, protagonizada por Paloma (Márdila). Roberta se assusta ao perceber que a personagem da novela, Eugenia, tem muitas referências de sua vida, principalmente de um segredo do passado que ela jamais contou a ninguém. Ela decide investigar queme stá por trás do roteiro da novela. Trazendo elementos de dramédia típicos de Almodovar, combinando humor, tragédia e drama de alma feminina, "A vilã das nove" traz a figura materna vista como vilã pelas outras pessoas, sem entender as reais circunstâncias que a fizeram agir daquela forma. Conduzido com delicadeza pelo forte elenco, o filme brinca com o universo novelesco da televisão, sem medo de exagerar nas caricaturas.

A garota mais linda do mundo

"The most beautiful girl in the world", de Robert Ronny (2025) Comédia romântica da Indonésia, "A garota mais linda do mundo" funciona por conta da química do casal principal de atores, na fórmula mega batida de opostos que se atraem, mas que acaba sempre funcionando quando o elenco ajuda. Reuben (Reza Rahadian) é um jovem playboy e mulherengo, filho de um magnata da televisão. O carro chefe do programa é um reality show chamado 'A garota mais linda do mundo", já em terceira temporada. Kiara (Sheila Dara), é uma produtora assistente que dá suporte nos programas do canal: uma mulher forte, determinada, feminista e que não gosta do reality, pois acredita que ele objetifica a mulher, além de ser misógeno. Quando o pai de Reuben morre, no testamento diz que ele só receberá a herança se ele se casar com a mulher mais bonita do mundo. Confrontado, Reuben decide ele mesmo ser o protagonista da próxima temporada do programa, se casando com a vencedora, que ele mesmo irá escolher. Ele pede para kiara ser a sua produtora, mas ela recusa, por conta de não gostar da proposta do show. Após desavenças, ela aceita, contanto que possa sugerir mudanças. Durante uma viagem de lancha com reuben e as candidatas, Reubene. Kiara caem no mar numa tempestade e vão para em uma ilha deserta, sem comunicação. Eles precisam lidar com as suas diferenças para poder sobreviver. E claro, irão se entender. 1 a cada 5 comédias tem esse mote de alguém só receber herança se executar uma tarefa. O filme é clichê e óbvio. O elenco é carismático, a produção é caprichada e as musicas pop dão ritmo e tornam mais fácil a tarefa de assistir ao filme. O filme é longo, tem 2 hrs 05, e claro, eu teria retirado pelo menos 20 minutos de filme.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Blue boy

"Blue boy", de Tyler Riggs (2023) Premiado curta indie americano, "Blue boy" é uma excelente reflexão sobre a obsessão pelo corpo perfeito. Diferente do brasileiro "Men sana in corpore sano", de Juliano Dornellas, "Blue boy" é um filme realista que mistura drama e documentário. Joey Rossi (Matthew Leone, fisiculturista na vida real) mora em New Jersey com seus pais. Sentindo-se já na fase final de sua vida produtiva, e sem o reconhecimento que esperava, Joey mantém um canal de vídeo e espera ansioso em angariar seguidores. O campeonato nacional se aproxima e Joey entende que é provavelmente sua última chance de ganhar um prêmio. Malhando obsessivamente, Joey, contrariando seu ténico, decide tomar esteróides. Um dia antes antes da prova, a mãe de Joey prepara peito de frango frito para ele comer, um alimento poribido antes do campeonato, pois minimiza a ação dos músculos. No dia da prova, Joey se desespera. O elenco é todo formado por não atores e tanto Matthew Leone, a atriz que interpreta a sua mãe e o ator que interpreta o técnico estão excelentes em seus papéis. A cena em que o técnico tenta acalmar a ansiedade de Joey é brilhante. O filme foi rodado em um campeonato real e traz nas imagens uma textura interessante e vintage. Um filme angustiante sobre a perfeição e a obsessão pelo corpo.

Meu sangue ferve por você

"Meu sangue ferve por você", de Paulo Machline (2024) Cinebiografia do cantor Sidney Magal, focado não na sua carreira, mas na história de amor com sua esposa Magali West. O filme faz ess erecorte como sendo um conto de fadas, alternando números musicais dentro e fora dos palcos, no estilo de musicais como "La la land", onde as pessoas da rua fazem parte da coreografia. No ano de 79, Sidney Magal (Felipe Bragança), já um cantor popular, é agenciado por Jean Pierre (Caco Ciocler), um empresário inescrupuloso que faz de Magal um joguete em seus interesses financeiros. Ao participar de um programa d etv local, Magal se encanta com a jovem de 16 anos Magali (Giovanna Cordeiro), filha de Graça (Emanuelle Araújo). Magali sempre achou Magal brega e não lhe dá atenção. Mas Magal insiste e diz que ela será a mãe de seus filhos. Magal precisará lutar contra o preconceito de todos para poder conquistar o amor de Magali. O filme tem um roteiro correto que explora de forma melodramática e com humor os percalços de Magal para poder celebrar o seu amor à primeira vista. Quase como um conto de principe encantado, o filme funciona por conta do ótimo elenco, mas as diversas sub-tramas acabam retirando o foco do ponto principal da narrativa. A produção e a parte técnica do filme são bastante caprichadas.

Invasão de lua de mel

"Lune de miel avec ma mère", de Nicolas Cuche (2025) Remake de uma comédia espanhola de 2022, "Lua de mel com a minha mãe", o francês "Invasão de lua de mel" garante boas gargalhadas com um ótimo elenco, com destaque para Michele Laroc, como a mãe Lily, e Rossy de Palma, no papel da host do resort Gloria. Lucas (Julien Frisson) está no altar, prestes a se casar com sua noiva Maya. Mas ela recebe uma ligação de seu ex, que a deseja de volta, e ela abandona Lucas no altar. Deprimido, Lucas passa dias em sua casa. eus pais, Lily (Laroque) e Michel (Kad Merad) procuram confortá-lo. Quando descobre que a viagem de lua de mel para as Ilhas Maurício, na África, não será reembolsado, ele decide acatar a sugestão de sua mãe e viaja com ela. Durante toda a viagem, ele e sua mãe se passam por um casal, para aproveitar a promoção do resort, cuja host, Gloria (de Palma), os recepciona generosamente e encantada com uma noiva mais velha. Lily aproveita que está sem o marido, decide se soltar e aproveitar tudo, com uma liberdade que o casamento acabou privando-a dos prazeres da vida. Lucas, por sua vez, não esquece de Maya. Com locações belíssimas e uma otografia que enaltece o colorido da região, o filme diverte bastante graças ao carisma do elenco e às situações constrangedoras que surgem para Lucas. A mensagem do filme é óbvia: aproveitemos a vida com o que ela oferece.

Todo mundo ainda tem problemas sexuais

"Todo mundo ainda tem problemas sexuais", de Renata Paschoal (2024) Em 2008, o cineasta domingos Oliveira lançou a comédia "Todo mundo tem problemas sexuais", apresentando histórias sobre diversos casais e suas problemáticas na cama. Em "Todo mundo ainda tem problemas sexuais", os roteiristas Maria Santos, Samuel Valladares, Vicente Valle e Flávia Guimarães criam 4 novas histórias envolvendo temas como trisal, infidelidade, impotência, tabu do sexo anal. O elenco é defendido por Leticia Lima, Dudu Azevedo, Cauê Campos, Sandra Pera, Totia Meirelles, Claudia Mauro, Alice Borges, entre outros. Na 1a história, um jovem casal de Santa Teresa, adeptos do Ioga, conhecem uma garota e decidem formar um trisal; na 2a história, um rapaz propõe à sua namorada fazer sexo anal, e ela nega; na 3a história, um estagiário namora uma colega de trabalho e acabam na cama, mas na hora do sexo, ele brocha; e na última história, após 8 anos de namoro, a garota diz ao namorado, que sempre foi o único, que ela quer fazer sexo com outros homens. As histórias são simples, o humor é bem típico das comédias dos anos 80 e 90, repleta de diálogos com segundas intenções e muita picardia. O elenco defende bem os seus personagens foguentos, e no geral, é um bom passatempo para atiçar as preliminares sexuais.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Maldição de família

'El sacrificio", de Alberto Serra (2022) Um raro terror vindo do Panamá, "Maldição em família" é um filme bastante decente em termos de atuações e técnica, com boa fotografia, efeitos e trilha sonora. A edição também é correta, dando ritmo a um filme de 90 minutos. O que prejudica o filme, é a sua história já bastnate batida e óbvia. Afinal, quando alguém é convidado para ir à uma fazenda isolada para visitar parentes que até então desconhecia, todo mundo já sabe do que se trata, não é? Carmen (Isabella Serra) e Sofia (Ana Grethel Solis) são duas irmãs órfãs que se viram como podem nas ruas violentas do Panamá. Sofia, a mais velha , de estilo roqueiro e esperta, arma os roubos para pdoerem sobreviver. Carmen é o oposto: tímida e mderosa. Um dia, elas recebem uma ligação de uma mulher que diz ser a avó delas, e pede para elas conhecerem ela e o avô em uma fazenda do interior. Ao chegarem lá, elas são recebidas pela avó Eugênia (Stella LAuri) e pelo avô Javier (Freddy D'elia). As irmãs ficam encantadas e acreditam que a vida delas irá mudar. Mas ao se aproximarem de um rio, o avô avisa que jamais devem chegar perto dele. Logo as meninas decsobrem que o rio esconde uma maldição.

Alegria do amor

"Alegria do amor", de Marcia Paraíso (2024) Co-escrito e dirigido pela cineasta de Santa Catarina Marcia Paraíso, "Alegria do amor" venceu o prêmio do público do Festival Mixbrasil 2024. O filme tem um excelente elenco feminino composto por grandes atrizes do cenário do audiovisual: Renata Gaspar, Suely Franco, Zezita Matos, Sandra Corveloni e a revelação Wallie Ruy, além de atores e atrizes do nordeste. O filme tem como ponto de partida uma região do sertão do Ceará, onde existe uma comunidade quilombola. Ali, moram diversas famílias assentadas, entre elas, a de Dulce (Gaspar) e seu marido, o líder comunitário Davi (Márcio de Paula). Dulce é professora de alfabetização de jovens e adultos residentes do quilombola e foi ex-noviça. Uma empresa de mineração manda capatazes ameaçarem aos moradores, e Davi acaba sendo assassinado. Dulce foge e busca refúcgio do convenoto de Madre Aparecida (Zezita Matos), que sugere que ela vá para São Paulo para poder estar longe dos algozes e poder contar a sua história para a imprensa. Durante a sua estada em São Paulo, Dulce é procurada por sua mãe Beatriz (Corveloni) e por sua irmã Marisa (Ruy), ambas ela nunca tendo conhecido. Marisa trabalha como Hostess de um bar karaokê queer e acaba retornando para a cidade natal junto de DUlce, em busca do pai, que elas jamais conheceram. "Alegria do amor" tem um excelente prólogo que, guardada as devidas proporções, traz a tensão do prólogo de "Bastardos inglórios": uma sequência tensa baseada em direção de atores e na direção bem conduzida por Marcia Paraíso. No entanto, quando a história segue para São Paulo, tive a impressão que houve uma mudança de narrativa e até de filme, como se fossem 2 filmes em um. Adoraria que a tensão e a denúncia sobre empresas que expulsam e matam os moradores de terra tivesse uma força na história. Mas ela vira pano de fundo e o filme se torna um drama de resgate familiar. Ainda assim, por conta do excelente trabalho do elenco, é um filme dignoe. que vale muito a pena assistir.

Histórias invisíveis

"Historias invisibles", de Guillermo F. Navarro (2024) Drama argentino livremente inspirado em histórias reais de adolescentes sequestradas por uma quadrilha de aliciadores que forçam as jovens a se prostituir. Cecilia (Antonella Ferrari) é uma jovem de 16 anos, filha de um pai viúvo. Ela namora Sergio, um homem mais velho, sem saber que ele é um aliciador de jovens. O pai de Cecilia se preocupa com a filha, até que ela é sequestrada por Sregio e levada até uma quadrilha. Cecilia é impedida de sair e acaba conhecendo Graciela (Eleonora Wexler), outra jovem sequestrada. O pai de Cecilia não sabe do paradeiro dela e acredita que ela fugiu com Sergio. Na cidade grande, uma mãe, Romina (Vanesa Gonzalez), tenta desesperadamente encontrar sua filha que desapareceu, e não encontro apoio da polícia e nem da justiça. Trazendo elementos de suspense à trama, o filme faz um forte alerta sobre redes internacionais de tráfico de mulheres. Em 2002, o cineasta sueco Lukas Moodysson lançou o angustiante e depressivo "Para sempre Lylia", que mostrava meninas sequestradas e prostituidas por uma máfia russa. "Histórias invisíveis" não chega a ser tão trágico e aterrorizante como o filme sueco, mas confesso que me irritei bastante com o desfecho. O elenco todo é ótimo e a fotografia traz tons soturnos para as cenas noturnas, dando intensidade ao drama.

A herança

"A herança", de João Cândido Zacharias (2024) Concorrendo no Festival do Rio 2024 ao prêmio Félix, dedicado a filmes com temática queer, "A herança" é co-escrito e dirigido pelo cineasta João Cândido Zacharias. O filme traz referências a vários clássicos do terror, como "O bebê de Rosemary", e me fez lembrar do recente "O continente", onde uma jovem brasileira retorna ao Braisl com seu namorado francês para a fazenda do seu pai e se confronta com vampiros. Thomas (Diego Montez) mora em Berlin junto do seu namorado alemão Beni (Yohan Levi), um professor de sociologia. Thomas recebe uma ligação de Vera (Ana Carbatti), avisando que sua mãe faleceu e que ele herdou uma fazenda. Thomas vem ao Brasil com Beni e descobre que tem duas tias, Vitória (Analu Prestes) e Berta (Cristina Pereira) que ele desconhecia. Elas são vizinhas da fazenda que ele herdou e elas decidem cuidar dele, oferecendo bolos e outros alimentos. Thomas e Beni decidem ficar mais uns dias na fazenda, e aos poucos, passama. experimentar situações bizarras e estranhas envolvendo a fazenda e as tias. O roteiro do filme traz elementos muito comuns no gênero terror e é fácil ao espectador entender o que está acontecendo. "A herança" é um interessante filme que mistura gêneros e inclui protagonismo lgbt. Os efeitos práticos são divertidos, lembrando os efeitos toscos dos anos 80. Para quem busca um terror, pode ficar frustrado, mas quem busca um filme brasileiro que traz um elenco no mínimo cult, vai curtir ( Cristina Pereira arranca deliciosas gargalhadas como a Tia Berta).

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Mens sana in corpore sano

"Mens sana in corpore sano", de Juliano Dornelles (2016) Menção especial no 64º Festival Internacional de Cinema de Locarno e vencedor do prêmio de melhor curta no Festival Cine PE, ""Mens sana in corpore sano" é escrito e dirigido pelo cineasta Juliano Dornelles, que co-dirigiu 'O som ao redor" com Kleber Mendonça Filho. O filme mistura gêneros como drama, terror, fantasia e drama para fazer uma crítica à obsessão pelo fisiculturismo. Flavio Danillo é um personal trainer que tem seus alunos na academia onde trabalha. Mas em casa, Flavio treina o seu corpo à exuastão, em um ambiente de decadência. Subitamente, seu corpo não responde mais a mente e passa a ter controle sobre ele. A fotografia de Pedro Sotero e a trilha sonora criam uma atmosfera onírica de pesadelo, que desemboca em um tipo de homenagem ao cineasta David Cronemberg, mestre do body horror. Os efeitos são muito bem executados, assim como a construção dos planos e enquadramentos.

Oeste outra vez

"Oeste outra vez", de Érico Rassi (2024) Vencedor de 3 Kikitos no Festival de Gramado 2024: Melhor filme, ator coadjuvante para Rodger Rogério e melhor fotografia para André Carvalheira (mesmo diretor de fotografia de "Capitão Astúcia"), "Oeste outra vez" é um drama que traz elementos do faroeste em uma trama de amor e vingança ambientado no sertão de Goiás, em São João d'Aliança, Chapada dos Veadeiros. ALi moram Totó (Ângelo Antônio), dono de um bar em decadente, e Durval (Babu Santana). Totó perede sua mulher para Durval e decide se vingar dele, contratando o pistoleiro Jeronimo para matar Durval. Mas Durval sobrevive e decide se vingar de Totó. No elenco, as Antonio Pitanga e Adanilo fazem participações, em um filme essencialmente de olhar masculino. O ritmo do filme é lento e contemplativo, adornado pela bela fotografia de Carvalheira, que traz tons quentes para as diurnas, lembrando a aridez do sertão, e tons escuros para as noturnas. O filme traz também uma deliciosa trilha sonora,repleta de canções bregas dos anos 70 e 80.

O devorador de almas

"Le mangeur d'âmes", de Alexandre Bustillo e Julien Maury (2024) Thriller de terror, "O devorador de almas" é dirigido pela dupla do cult extreme "A invasora". Eles também dirigiram nos Estados Unidos o filme solo de "Leatherface". Agor, eles adaptam o livro escrito por Alexis Laipsker, “Le mangeur d’âmes“, e trazem uma trama macabra que envolve deepweb, rede infantil de pornografia, um ser mítico demoníaco e um avião repleto de drogas sintéticas. O trio de excelentes atores franceses, Virginie Ledoyen, Paul Hamy e Sandrone Bonnaire estréia em um gênero inédito para eles. O filme traz referências de "Seven", "O silêncio dos inocentes", "Longlegs" e diversas outras obras sobre serial killers filmados em tom de pesadelo. Na cidade do interior Roquenoir, mortes volentas acontecem, aparentemente, sem explicação. O detetive Frank (Hamy) chega da cidade grande para decsobrir o padareiro de crianças desaparecidas. A comandante Elizabeth (Ledoyen) também chega na cidade, com o objetivo de investigar as mortes. Os filhos dos mortos estão desaparecidos. Mesmo contra a vontade de Elizabeth, o detetive Frank se une para tentar descobrir o que está por trás dos crimes bárbaros, enquanto a população acredita ser obra do "Devorador de almas", uma figura mítica da região. O filme foi bastante criticado pela mídia francesa, mas eu gostei bastante. É eficiente, tem uma boa trama e tem um tom sinistro. Os atores são ótimos, e para quem curte um thriller no estilo 'Seven", vai curtir o projeto.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Hard truths

"Hard truths", de Mike Leigh (2024) Em 2008, o cineasta inglês Mike Leigh lançou "Simplesmente feliz", filme com Sally Hawkins interpretando uma mulher de bem com a vida e que encontra motivos para ser feliz, mesmo em situações pouco favoráveis. Com "Hard truths", Leigh traz um filme que emocionalmente o oposto de "Simplesmente feliz": Marianne Jean-Baptiste interpreta uma mulher rancorosa, mau humorada e que não encontra motivos para ser feliz, fazendo a vida de todos que a rodeiam, um verdadeiro inferno. Leigh já havia filmado com Marianne no excelente 'Segredos e mentiras", Palma de ouro em Cannes 1996, e agora repete a parceria quase 30 anos depois!!!!! Marianne é Pansy, casada com Curtley (David Webber), e pais de Moses (Tuwaine Barrett). Curtley é encanador e por conta do temperamento agressivo e tempestuoso de Pansy, se toprnou um homem quieto e passivo. Moses se tranca em seu quarto e Pannsy o acusa de ser preguióco e sem ambições, mas a verdade eé que ele teme sua mãe, que o recrimina e o critica em tudo, e isso fez com que ele se tornasse um loser. A irmã de Pansy, Chantelle (Michele Austin), é dona de um salão de beleza e mãe de duas filhas adolescentes. Charlotte é o oposto de Pansy: feliz, alto astral e de bem com a vida. Ela procura Pansy para visitarem o túmulo da mãe delas, que comemora 5 anos de falecimento. Traumas do passado de Pansy vem à tona: a mãe delas sempre favoritou Charlotte, e Pansy teve que cuidar de Charlotte na ausência da mãe. Sentindo-se inferiorizada, Pansy se tornou uma mulher amargurada. MArianne interpreta uma das personagens mais antipáticas e irritantes do cinema atual, e não é fácil dar vida à ela, pois é difícil do espectador simpatizar com a sua pessoa, que vive aos gritos e maltratando a todos. É uma performance espetacular, infelizmente sme reconhecimento no Oscar. Todo o elenco está excelente. Os personagens masculinos, abafados e silenciados pela força de Pansy, são um caso à parte. Um drama com tintas de um humor ácido, cruel e melancólico.

A wonderful life

"A wonderful life", de Jeff London (2023) Drama romântico LGBTQIAP+, "A wonderful life" é um filme indie feel good movie, escrito e dirigido por Jeff London. O filme tem como protagonista Bailey (David E. McMahon), um homem solitário na faixa dos 40 anos de idade. Bailey é gay e apaixonado por filmes de terror dos anos 70 e 80. Ele mora com a sua mãe que está enferma, na Flórida. Bailey não está em um bom momento emocional: seu cachorro morreu em um acidente e ele irá perder seu emprego assim que acabar as férias natalinas. Sua mãe diz a Bailey que o amigo de infância dele, Greyson (Ben Stobber), que ele não vê há mais de 30 anos, irá se mudar para a Flória junto de sua mãe, para fugir do mal tempo. O reencontro dos amigos irá fazer aflorar sentimentso que ambos desconheciam entre eles. Nossa, que filme fraquíssimo. Parece uma produção amadora em todos os níveis: atuação, fotografia e principalmente roteiro, bastante simplório. Eu queria ter gostado mais do filme, afinal trazer protagonistas em um filme lgbt de meia idade e fora dos padrões de beleza, é algo a se exaltar.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

O convento das taras proibidas

"Immagini di un convento", de Joe D'amato (1979) Considerado um dos piores cineastas da história, o italiano Joe D'amato dirigiu quase 200 filmes em sua carreira. Prolífico, dirigia em média 4 a 5 filmes por ano, variando entre comédias, terror, suspense, eróticos, filmes de monstros, trash, etc. Autor do infame "Antropófago", sobre um canibal, D'amato lançou em 1979 "O convento das taras proibidas", um cult do sub-gênero "nunexploitation", que são filmes com freiras devassas e assassinas, celebrizado por clássicos como "Os demônios", de Ken Russel. Além da referência do filme de Russel, é fácil identificar a influência de "Narciso negro", de Emeric Pressburger e Michael Powell, de 1947, sobre freiras isoladas em um convento que recebem a visita de um homem e passam a sofrer desejos sexuais com a presença do homem. Século XIX. Isabella é recebida pelas freiras do Convento de Santa Fiora, Itália. Seduzida pelo tio, com quem fez sexo, ela se isola para escapar dos pecados da carne, tornando-se freira. Mas a sua chegada coincide com a chegada de uma estátua que as freiras acreditam estar possuída pelo demônio. Todas as freiras passam a sentir desejos sexuais, se masturbando e fazendo sexo entre elas. Um freira é enviada até a igreja para convocar um padre exorcista, mas ela é estuprada por dois bandidos no caminho. O padre acaba chegando ao convento, mas ele termina fazendo parte da grande orgia entre as freiras. O filme é uma grande loucura. Repleto de cenas de sexo explícito, é uma versão hard core de "Os demônios", e traz uma atmosfera de onírico na fotografia e na trilha sonora. Para quem gosta de filmes nun exploitation, vai se esbaldar.

Lua de papel

"Paper moon", de Peter Bogdanovich (1973) Peter Bogdanovich é um dos cineastas mais influentes do cinema americano nos anos 70 e 80. "Lua de papel", adaptado do livro escrito por Joe David Brown de 1971, "Addie pray", foi adaptado para as telas pelo roteirista Alvin Sargent. O filme ganhou o Oscar de atriz coadjuvante para Tatum O'neal, na época com 10 anos de idade,e. até hoje a atriz mais jovem a receber o troféu. Tatum divide as telas com seu famoso pai, Ryan O'Neal, que já havia trabalhado com Bogdanovich em "Essa pequena é uma parada". Aliás, Bogdanovich veio de uma sequência de 3 grandes filmes: "A última sessão de cinema", "Essa pequena é uma parada" e "Lua de papel". O filme é ambientado durante a grande depressão americana: Em Kansas, 1936, Moses (Ryan O'neal). aparece no velório da mãe de Addie (tatum O'neal), nove anos. Os vizinhos acreditam que Addie é filha de Moses, mas ele nega. Ele tem a missão de entregá-la ara a tia de Addie. no Missouri. Nesse road movie, os dois descobrem ser grandes vigaristas, e sobrevivem de pequenos golpes. Quando Moses conhece a prostitura Trixie (Madeline Khan), Addie fica com ciúmes e tenta dar um jeito de tirá-la de seu caminho. Fotografado em belíssimo preto e branco pelo mestre László Kovács, "Lua de papel" se beneficia por uma excelente reconstituição de época, com direção de arte e figurino exemplares. Ryan e Tatum O'neal têm uma química deliciosa, e impressiona a força que Tatum dá para a sua personagem. Ryan prova ser um ótimo comediante nas mãos de Peter Bogdanovich, desde "Essa pequena é uma parada'. Mesclando drama, comédia, ação e policial, o filme traz ternura e encantamento em uma história de amor entre pai e filha.

Mountains

"Mountains", de Monica Sorelle (2023) Melhor filme no Festival de Tribeca 2023, "Mountains" é co-escrito e dirigido pela cineasta haitiana americana Monica Sorelle. O filme é ambientado em um bairro de periferia de Miami onde moram descendentes de haitianos. Nesse bairro de classe média baixa, mora o casal Xavier (Atibon Nazaire) e Esperance (Sheila Anozier): eles são imigrantes e sobrevivem a duras penas, tentando o mínimo de dignidade. Xavier trabalha em uma empresa de demolição de casaas no próprio bairro, para dar lugar a prédios modernos. Esperance tem dois empregos: em uma escola e como costureira. O casal tem um filho americano, Junior (Chris Renoir), que deseja se tornar um ator de stand up, para a frustração de seu pai. Xavier decide procurar por uma casa maior para a sua família, e aos poucos, vai refletindo sobre a sua profissão e as consequências para a história e cultura de seu povo, pelo qual ele é um dos responsáveis pelo desaparecimento. "Mountains" é um filme lento, em registro naturalista que discute a gentrificação e o apagamento de culturas de minorias imigrantes nos Estados Unidos. É muito oportuno assistir ao filme agora que o país vive sob a administração de Donald Trump e sua política de expulsão de imigrantes em territórios americanos. "Mountains" é malancólico. e nao traz espaço para alegria.

What my love is for

"What my love is for", de Philip Embury e Sebastian Rea (2016) Drama romântico LGBTQIAP+ realizado de forma totamente indie, baixíssimo orçamento, foi escrito, dirigido e protagonizado por Philip Embury. Ambientado em East Hampton, Long Island, Nova York, o filme apresenta o jovem gay Philip, aspirante a escritor. Ele mora com seu irmão mais velho, Doug (David Maloney), que sofre de ansiedade e transtornos mentais, na casa da mãe de ambos. Katie (Bianca Rotigliano) é a melhor amiga e confidente de Philip. Philip mantém uma relação conflituosa com sua mãe, que não aceita o filho ter uma postura rebelde e ser gay. Quando a avó de Philip morre, ela coloca a sua casa em East Hampton em testamento para Philip, que a herda. Philip decide ir morar lá junto de Katie. Doug vai junto para ficar umas semanas. A casa está abandonada, mas os trÊs a colocam de pé. No entanto, Philip recebe uma carta avisando que a casa está cheia de dívidas que se não forem pagas, deverá ser entregue para hipoteca. Ao entrarem como penetras em uma festa, Philip conhece o jovem artista Michael, que é bancado por um homem mais velho. Philip se apaixona por ele, ao memso tempo que precisa encontrar uma solução para pagar as dividas. "What my love is for" é um filme decente, com boas performances, uma história simples mas que se acompanha pelo naturalismo que as performances são apresentadas, e pelo frescor da narrativa. Sem pretensões, é um filme indie com uma bela cena de sexo entre os dois protagonistas.

Casamentos cruzados

"You are cordially invited", de Nicholas Stoller (2025) É tão bom que a atriz Resse Witherspoon retorne às comédias românticas, gênero pelo qual ela ficou bastante conhecida. E fazendo par romântico com o improvável Will Ferrel, a dupla repete a receita do casal que não se bica. Eu dei altas gargalhadas em muitas cenas, e o filme investe em nonsense e muita bizarrice, incluindo uma cena onde Ferrel luta contra um jacaré que ele colocou no quarto de Reese para se vingar dela. Jim (Ferrel) é um pai viúvo, que desde pequeno cuidou de sua filha Jenni (Geraldine Viswanathan), agora já adulta. A relação dos dois é muita brincadeira e alegria. Mas quando ela anuncia que irá se casar com o Dj Oliver, o mundo de Jim se desfaz: ele entende que irá perder sua filha. Ele decide comemorar o casamento dela em um resort que fica em uma ilha em Palmetto island, Geórgia, mesmo lugar onde sua mãe e onde ele mesmo se casou. Acontece que ao chegar no resort com seus convidados , no dia marcado, ele descobre que outro casamento também acontecerá no mesmo dia: o da irmã de Margot (Wintherspoon), uma produtora de tv. A ilha é pequena e mal cabem as duas festas, mas ambos os lados procuram admnistrar o espaço. O filme diverte baastante e tem momentos de karaokê hilários. O elenco de apoio, principalmente a m!ãe de Margot e a filha de Jim, são atrizes excelentes. A química de Ferrel e Witherspoon é ótima, e fico pensando no porque o tipo de humor de Will Ferrel não funciona muito para o público brasileiro.

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Heart eyes

"Heart eyes", de Josh Ruben (2025) "Dia dos namorados macabro", um slasher de 1981, é um clássico do terror e considerado pela crítica um dos melhores do gênero. Quando surgiu 'Heart eyes", imaginei que um novo slasher com o tema do valentine's day pudesse honrar o original. Porém, logo no primeiro minuto, já entendi que o filme foi feito para a garotada que curte terrir no melhor estilo "Pânico". "Heart eyes" tem muito humor, muito nonsense para trazer a história de um serial killer que usa uma máscara ond eos olhos têm formato de coração. A cada ano, ele pratica seus crimes em uma cidade americana, e agora, decidiu que será em Seattle. Lá, mora Ally (Olivia Holt), uma designer que trabalha para a campanha publicitária de uma empresa de jóias. Para incrementar a campanha, a chefe de Ally pede para que ela trabalhe junto de Jay (Mason Gooding)), também designer, e que criem juntos uma super campanha para o dia dos namorados. Na cidade, crimes começam a surgir, envolvendo mortes de casais. A detetive Jeanine (Jordana Brewster) e seu assistente David invetsigam as mortes, e acreditam que Jay possa estar por trás dos crimes. O filme é divertido e tem personagens carismáticos. Mas para quem assiste "Pânico", imediatamente irá identificar o serial killer. O roteiro, preguiçoso, rouba muitas idéias do filme. As mortes são ok, nem tão gore e nem tão inofensivas, e poderá satisfazer quem busca um passatempo com uma tensão light.

sábado, 8 de fevereiro de 2025

I want to talk

"I want to talk", de Shoojit Sircar (2024) Adaptação do livro autobiográfico do indiano Arjun Sen (interpretado no filme por Abhishek Bachchan), "I want to talk" é mais um daqueles dramas que trazem um protagonista egoísta e workaholick que priorizou o trabakho ao invés da vida familiar e que após descobrir que tem pouco tempo de vida, decide se reconectar com sua filha. Arjun trabalha com marketing em uma empresa, onde é bem sucedido. Ele é divorciado e pai de Reya (Pearle Dey na infância, e Ahilya Bamroo na adolescência). Durante uma apresnetação para um cliente, ele passa mal e é levado a um hospital. O Médico diz que ele tem cancer na laringe e provavelmente, 100 dias de vida/ Arjun entra em negação, mas decide fazer o tratamento no hospital, onde é ajudado por uma enfermeira, Nancy. Arjun decide que não vai desistir de lutar pela sua vida, muito em função d epoder estar ao lado de sua filha, que ele agora quer resgatar o amor que sente por ela mas nunca disse. Arjun decide participar de uma maratona para poder provar a si mesmo que ele é capaz. O final do filme aparece o verdadeiro Arjun, dizendo que já está em seu 10482 dia de vida, ao contrário dos 100 dias dados incialmente por um médico. O filme é bom, para quem gosta de filmes sobre fé,s sem ser espiritualista. vai gostar bastante.

Com você no futuro

"Contigo en el futuro", de Roberto Girault (2025) Deliciosa comédia romântica com toques de fantasia e drama, "Com você no futuro" é um filme mexicano que traz referências ao clássico 'De volta para o futuro", de Robert Zemeckis, e "Peggy Sue- seu passado te espera", de Francis Ford Coppola. Logo nos primeiros 15 minutos todo mundo já sabe como o filme vai terminar. Mas vale assistir, mesmo com toda a obviedade, pelo enorme carisma dos 2 casais principais, que interpretam os mesmos personagens: Carlos (Michel Brown adulto, Fernando Cattori na pós adolescência) e Elena (Sandra Echeverría adulta, e Mariane Cartas na pós adolescência). Nos dias de hoje, Carlos e Elena moram juntos, mas o amor se perdeu e eles não se suportam mais, decidindo pelo divórcio. Enquanto caminha na rua, Carlos esbarra em um homem defciiente visual. Ao chegar em casa, o casal discute, e súbito, o deficiente surge e lhes porpõe reviver o encontro deles no ano de 1994. Eles entram em um carro (estilo "De volta para o futuro) e chegam em 94, de frente às suas versões jovens, que ainda não se conhecem. Elena jovem está de olho em um cara, e Carlos jovem está de olho na garota popular da escola, que canta. Elena jovem também participa do mesmo concurso. Eles logo decsobrem que se suas versõe sjovens não se apaixonarem, eles não existirão no futuro como casal. Assim como as referências, o filme tira proveito da tecnologia: celulares, comportamentos. Um momento emocionante é quando Carlos liga para sua casa e sua mãe, falecida no futuro, atende. A trilha sonora é toda composta por rock indie e o público torce pelos dois casais. O elenco de apoio também é ótimo, com destaque para o nerd melhor amigo de Carlos jovem. O final é comovente.

Breathing in

"Breathing in", de Jaco Bouwer (2024) Vencedor do prêmio de melhor filme no Macabro film festival 2024, do México, "Breathing in" é dirigido por Jaco Bouwer e co-escrito por ele, que adaptou o texto de uma peça de teatro escrito por Reza de Wet. O filme é uma produção da África do Sul e é um drama com elementos de filme de terror sobrenatural, e segundo alguns críticos, com forte inspiração em "A bruxa", de Riobert Eggars. Em 1901, na África do Sul, ocorre a guerra entre os ingleses e os africanos do sul. Um general (Lionel Newton) ferido pede ajuda à uma pequena casa onde moram mãe Annie (Michelle Burguers) e sua filha Anna (Jamie Lee Money). Um soldado encontra a casa, Brand (Sven Ruygrok) em busca do general para resgatá-lo. Mas ele logo decsobre o segredo das duas mulheres: a filha precisa ficar em pé o tempo todo e está enfraquecida. Uma maldição se apossou da garota após a mãe sofrer por amor por um soldado e ela decidiu fazer uma promessa: a filha pelo retorno do homem. Só que o homem nunca retornou, e assim ela acredita que o homem que aparecer em sua casa, possa ser a quem ela tanto espera. O filme tinha tudo para ser bom, se fosse um curta de 15 minutos. Sendo um longa, se torna chato, arrastado, uma vebrorragia interminável ( até porque é adaptado de uma peça teatral) e sem qualquer atmosfera de terror. A fotografia e a direção de arte ajudam a dar um clima, mas é um filme claustrofóbico e dependente do elenco, que está bem.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Love hurts

"Love hurts", de Jonathan Eusebio (2025) "Love hurts" é um caso emblemático de um filme que tinha tudo para dar certo, mas surgiu o efeito contrário. Junte dois atores premiados com o Oscar: Ke Huy Quan, que ganhou o Oscar de coadjuvante em 2023 por "Tudo em todo lugar ao mesmo tempo"; Ariana Debose, que venceu o Oscar de coadjuvante em 2022 por "Amor, sublime amor" e inclua o carisma de Sean Astin. O filme é a estréia na direção de Jonathan Eusebio, que quiz mesclar diversos gêneros no filme, e acabou enfiando os pés pelas mãos. Nenhum gênero funciona: drama, aventura, ação, kung fu, romance. Aliás, Ke Hyu Quan é Marvin e protagoniza pela 1a vez um filme, que mais parece um spin off de seu personagem de "Tudo em todo lugar ao mesmo tempo": um ex assassino de aluguel que se aposenta na figura de um inocente corretor de imóveis, mas quando precisa resolver uma treta envolvendo sua ex-colega d eprofissão e crush, Rose (debose), decide colocar na prática toda a porradaria e armamentos que era expert. Nuncam, em momento algum, a qu;imica entre Ke e debose funciona. Queme scalou os dois de verdade errou, e muito. Outro erro fatal do filme foi não saber quem é o público do filme. Ke repete aquela sua persiona divertida, carismática e infantil, e não combina com o filme, que deseja ser um "John Wick", repleto de coreografias de luta. E falando nisso, adivinhem a primeira profissão do diretor Jonathan Eusebio que aqui estréia como diretor? Sim, coordenador de cenas de ação, repetindo o feito de Chad Stahelski, diretor do primeiro "John Wick", mas que ao contrário de Eusebio, acertou bastante na direção, no humor e na aura cult.

Entre irmãs

"Los buenos modales", de Marta Díaz de Lope Díaz (2023) Co-escrito e dirigido pela cineasta espanhola Marta Díaz de Lope Díaz, "Entre irmãs" é um filme acre-doce, com momentos de drama e de humor leve. Um filme que retrata um universo feminino e traz segredos de família à tona. Li que uma das irmãs seria interpretada por Carmen Maura, que declinou. Aliás, as críticas insistem em comparar a narrativa do filme à uma trama Almodovariana, pelo seu colorido e pela reopresentatividade da alma feminina, repleta de mágoas guardadas. Rosário (Elena Irureta) e Manuela (Gloria Muñoz) são duas irmãs na faixa dos 60 anos que não se falam há décadas. Seus filhos, agora pais, guardam rancor das supostas tias. Um dia, durante o aniversário da neta delas, Manuela, que há muito não era vista, surge para cumprimentar o aniversário da menina. Começa o estopim para que tanto Rosário, quanto a filha de Rosário e o filho de Manuela comecem uma briga. Mais tarde, ficamos sabendo que o motivo da briga era que Luís, marido de Rosário, teve um caso com Manuela, e que esta apareceu no velório dele. A partir desse momento, nunca mais se falaram. Sabendo da treta, as babás das duas famílias decidem que devem unir as irmãs. O que é mais bacana no filme, é que é dado às babás, ou seja, à classe das funcionárias domésticas, a decisão da união, afinal, nessa briga familiar, ninguém sequer levantou um dedo para buscar uma solução. As atrizes que interpretam Manuela e Rosário são ótimas. A trama em si é um pouco arrastada e nas cenas de deveriam pesar mais no humor, infelizmente não traz mais do que um breve sorriso forçado.

Três kilômetros para o fim do mundo

"Trei kilometri pâna la capatul lumii", de Emanuel Parvu (2024) Vencedor do Queer Palm no Festival de Cannes 2024, dedicado a filmes com temáticas lgbt, "Três kilômetros para o fim do mundo", é prova de que o cinema romeno não existe para trazrr finais felizes. Angustiante, o filme me deixou com muita raiva, ódio, e é justamente essa sensação de estar com mãos atadas que o roteirista e diretor Emanuel Parvu quiz trazer para o espectador. O filme dá voz aos algozes, aos homofóbicos, policiais corruptos, asistemtes sociais que se deixam contaminar, aos pais conservadores e passivos. À vítima, resta-lhe o silêncio e a consequência de uma sociedade violenta e retrógrada. Adi (Ciprian Chiujdea) é um jovem de 17 anos, que retorna à sua cidade natal para passar um tempo com seus pais, enquanto as aulas não recomeçam. A cidade é pequena, Delta do Danúbio. Os pais de ADi, (Bogdan Dumitrache e Laura Vasiliu) são simples e classe média, e estão com dívidas financeiras com o vizinho. Quando Adi sai de noite, ele é espancado pelos filhos do vizinho: eles testemunharam Adi em momentos carinhosos com um turista de Bucareste. Os pais de ADi, assim que decsobrem que o motivo da violência foi por homofobia, ficam surpresos por jamais saberem que o filme é gay. Decidem não incriminar os vizinhos, tanto pela questão financeira, quanto pela vergonha. Eles convocam um padre para exorcizar o filme, amarrando-o à força. Logo depois, vem a polícia, que quer abafar o caso do exorcismo e pedir que Adi não abra um processo. Uma assistente social chega para defender Adi, mas ela logo é abafada. Um a um, todos sucumbem ao sistema e ao mundo conservador. Como sempre, o cinema romeno vem com extremo rigor formal na sua decupagem: planos fixos e longos, favorecendo o esetacular trabalho dos atores. Uma direção firme de Emanuel Parvu, e um roteiro que não deixa nenhum espectador incólume.