quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Divines

"Divines", de Houda Benyamina (2016) Co-escrito e dirigido pela cineasta Houda Benyamina, "Divines" venceu 2 prêmios em Cannes: O Camera D'or, concedido a cineastas estreantes, e uma menção especial. O filme é um estupendo retrato da juventude marginalizada na França, e não seria errado dizer que é uma versão feminina do clássico "O ódio", de Mathiew Kasosvitz, O roteiro narra a história de 2 amigas que moram em uma comunidade na periferia de Paris: Dounia, rebelde, que mora com a sua mãe em uma favela e cujo pai tem paradeiro desconhecido, e Mamounia, negra, pais muçulmanos. Dounia sonha em ficar rica, e para isso, se envolve com Rebecca, traficante negra local. Paralelo, Dounia se apaixona por um jovem dançarino, e a partir daí o filme faz o contraste entre a busca pela arte e a busca pelo tráfico como meios de obter o sucesso na vida. No entanto, a grande força do filme são as performances irrepreensíveis de todo o elenco, a começar por Oulaya Amamra, no papel de Doiunia ( ela é irmã mais jovem da cineasta). Oulaya é uma força da natureza e a sua interpretação comove pela força com que ela agarra a personagem. Déborah Lukumuena como Manounia, traz humor e simpatia ao filme, e ela é responsável pelos momentos mais divertidos , com exceção do desfecho, emocionante. Jisca Kalvanda é Rebecca, e também me surpreendeu pela força que ela trouxe ao personagem. É um filme de mulheres fortes, destemidas e ambiciosas. A direção de Houda Benyamina é chocante, ainda mais se tratando de sua estréia em longas, ela dirige com o mesmo vigor de Kassovitz em "O ódio". Trilha sonora, fotografia, edição tudo é muito incrível. O filme é repleto de cenas antológicas, onde destaco a da sala de aula, com Dounia discutindo com sua professora sobre as possibilidades de ascenção profissional, e a cena onde as duas amigas se imaginam ludicamente andando em uma moto e discorrendo sobre o futuro delas como mulheres ricas. Excepcional e imperdível.

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