sábado, 5 de novembro de 2016
Cinema novo
"Cinema novo", de Eryk Rocha (2016)
Premiado com o até então inédito prêmio para o Brasil, o "Olho de Ouro" de Melhor Documentário do Festival de Cannes 2016, "Cinema novo" faz uma aposta ousada para a sua forma. Provavelmente muita gente irá assistir ao filme esperando um documentário didático, apresentando entrevistas com gente famosa, trechos de filmes, enfim, o trivial. Mas Eryk Rocha fez diferente: realizou um documentário poético e lírico, usando o vocabulário narrativo e dos dogmas do Movimento que sacudiu o Brasil dos anos 60. Assim, o filme segue uma edição sem um roteiro pré-determinado, deixando-se seguir pelas sensações e emoções, "viagem" onde provavelmente o espectador mais conhecedor das obras do Cinema novo irá embarcar em primeira classe. Para os que forem assistir ao filme buscando informações para leigos, provavelmente ficará frustrado pelo fato dos trechos dos filmes virem sem créditos. Não se sabe a qual filme a cena representa. Os depoimentos são em sua grande maioria de época. O que me enche os olhos, é poder entender o quanto os cineastas que criaram o Cinema Novo eram amigos e se ajudavam. Era quase que uma cooperativa cultural, um batalhão de choque de cineastas, produtores e fotógrafos que se uniam para dar ao Brasil e ao Mundo o seu olhar sobre a estética verdadeiramente brasileira, que falasse da cultura do povo brasileiro, e não um modelo importado do exterior. Nelson Pereira dos Santos, Joaquim Pedro de Andrade, Cacá Diegues, Arnaldo Jabor, Glauber Rocha, Geraldo Sarno, Paulo Cezar Saraceni, Ruy Guerra, Leon Hirzman, Gustavo Dahl foram alguns desses desbravadores, que fizeram da câmera na mão a sua arma. Os filmes eram em sua maioria rodados em locação. Um depoimento interessante é quando é dito que um cineasta abraçava a estética de Eisenstein. outro do neo-realismo, outro da nouvelle vague e por aí vai. O grande e maior mérito, a meu ver, deve ir para o editor do filme, Renato Valone, um herói, considerando a enorme quantidade de material que ele teve em mãos para poder realizar esse filme 100% realizado com material de arquivo.
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