quarta-feira, 23 de novembro de 2016
Depois da tempestade
"Umi yori mo mada fukaku", de Hirokazu Koreeda (2016)
Vencedor do Prêmio da crítica da Mostra internacional de São Paulo, esse novo filme do cineasta japonês premiado em Cannes por "Pais e filhos" e "Ninguém pode saber" é uma obra prima comovente que com certeza arrebatará corações.
Muito se falou das referências a Yasujiro Ozu nesse filme, e e' verdade: além de testemunharmos os pequenos detalhes nas relações familiares, Koreeda repete os "pillow shots", aqueles planos de natureza morta que indicam muito mais que passagem de tempo, e sim, as emoções introspectivas de seus personagens.
Ryoka é um escritor fracassado, e para sobreviver ele trabalha como detetive particular. O dinheiro que ganha ele aposta em jogos de azar, e por isso fica em eterna dúvida com a pensão que precisa pagar par sua ex-esposa, Kyoko, mãe de seu filho, Shyoga. A mãe de Ryoka é a viúva Yoshiko( em atuação extraordinária de Kirin Kiki), uma idosa que mora sozinha em um conjunto habitacional e que sonha em reaproximar o seu filho de sua ex-nora. A chance vem com uma tempestade que acontece na cidade, e onde todos precisam passar a noite juntos.
A direção de Koreeda é sensível e delicada, tanto nos enquadramentos quanto na direção de atores. O filme tem diálogos inspiradíssimos que alternam momentos de humor e drama, com uma suave trilha sonora que ajuda a trazer um clima de melancolia. A cena do pai e filho dentro do brinquedo durante a tempestade é antológica em sua construção. Exibido na mostra "Um certain regard" em Cannes ( acho inclusive que deveria ter ido pra Mostra principal) , o filme precisa ser visto por todo mundo que aprecia uma obra humanista que eleva a Alma.
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