quarta-feira, 2 de novembro de 2016
Clarisse ou alguma coisa entre nós dois
"Clarisse ou alguma coisa entre nós dois", de Petrus Cariry (2015)
Vencedor de vários prêmios em Festivais independentes, entre eles o de Melhor Filme no Festicini e no Cine Fantasy 2016, esse terceiro longa do cineasta cearense Petrus Cariry é um filme repleto de simbolismos.
Clarisse (Sabrina Greve, totalmente entregue a uma performance visceral) é casada com um empresário estrangeiro e mãe de uma filha. O marido trabalha para o pai de Clarisse, dono de uma empreiteira. Frígida e depressiva, Clarisse vai passar um tempo com o seu pai ( Everaldo Pontes), que mora no interior do Ceará, em um sitio dentro de uma floresta densa. Chegando lá, ela descobre segredos do passado tenebroso da família, que envolve a morte de seu irmão e a de sua mãe, que morreu com grave doença. Seu pai está moribundo, e Clarisse entende que está na hora de agir.
O filme tem um excelente trabalho técnico: fotografia claustrofóbica e uma edição de som que provoca sensações de estranheza e de tensão.
Fiquei tentando achar sentidos lógicos para a história, mas em determinado momento desisti e resolvi me entregar às sensações que o filme provoca, tanto em cenas simbólicas e metafóricas, quanto nas imagens belamente construídas. A cena do vagalume destôa pelo seu lirismo e fantasia, enquanto o restante do filme se entrega a um jogo de sexo violento e ao terror psicológico. Com certeza, "Repulsa ao sexo"deve ter sido uma grande fonte de inspiração, com Sabrina Greve fazendo uma referência ao personagem de Catherine Deneuve, igualmente frígida e assustada com o universo masculino.
O desfecho me remeteu a uma fantasia feminista sobre poder, mas não tenho certeza se a visão foi essa mesma. Mas como é um filme livre de interpretações, me apeguei a ele.
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