quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Força maior

"Force majeure", de Ruben Östlund (2014) Finalista na briga pelo Globo de Ouro de Filme estrangeiro de 2015, e vencedor do Prêmio do Grande Juri da Mostra "Um certo olhar" do Festival de Cannes 2014, "Força maior" é uma parábola brutal sobre o declínio do núcleo familiar. Ruben Östlund é o mesmo diretor do sensacional "Involuntário", um drama em episódios que apresenta o que o ser humano tem de pior. Aqui, ele revê o tema do Ser humano egoísta, covarde, mentiroso, através da história de família sueca em férias nos Alpes. Tomas e Ebba, pai de 2 filhos, são uma família feliz. Amorosos, eles brincam e se amam o tempo todo. Porém, em uma manhã, uma avalanche surge inesperadamente durante o café da manhã na sacada. Os turistas fogem, inclusive Tomas, deixando mulher e filhos para trás. Finda a avalanche, ninguém se feriu, mas a relação da família jamais será a mesma. Ainda mais porquê Ebba fará todo tipo de bullying para constranger seu marido, perante todos no hotel. A Fotografia de Fredrik Wenzel é impressionante, valorizando o branco da neve e o durado das instalações do hotel. O branco realça a frieza com que a família vai se construindo. A cena da avalanche é antológica e um trunfo de direção e de efeitos: realizada em um único plano, fixo, sem corte, durando cerca de 5 minutos. Desde "Involuntário" eu já ficava de olho nesse cineasta, dono de uma narrativa e enquadramentos incomuns: valorizando planos fixos, mas com muita força dramática em cena. Seu olhar distanciado, frio sobre os seus personagens, raramente aproximando a câmera próximo deles. Seus atores são um trunfo, todos sabendo trabalhar em planos longos a pausa, a respiração, o momento certo de agir, de escutar. Inclusive as crianças. O roteiro do próprio cineasta é um primor. Os diálogos são afiadíssimos, sem desperdiçar uma palavra sequer. Tudo no seu tempo, no seu ritmo. Um filme imperdível, para cinéfilos que valorizam obras autorais com a frieza dos filmes de Michael Haneke ( inclusive um dos atores foi ator da refilmagem de "Funny games", Brady Corbet), O curioso é que esse filme foi vendido como comédia dramática. Existe uma cena sim, de fino humor mesclado a tragédia, que é quando Ebba, durante um jantar relata para um casal o ato covarde do marido. O outro homem tenta salvar a todo custo a honra de Tomas, mas sem sucesso. Cena valorizada pelo trabalho excepcional dos 4 atores. Nota: 9

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