quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
Cidade maravilhosa
"Wonderful town", de Aditya Assarat (2007)
Filme de estréia do cineasta tailandês Aditya Assarat, ganhou várips prêmios mundo afora. Conterrâneo do famoso Apichatpong Weerasethakul, Assarat realizou um filme que tem como tema a difícil aceitação da felicidade. Em 2004, um Tsunami devastou a costa da Tailândia, matando milhares de pessoas. Três anos depois, Ton, um jovem arquiteto que vem de Bangkok, vem até a cidade de Takua Pa para ajudar a construir um Hotel resort na beira do mar. A cidade foi devastada pelo tsunami, e está aos poucos sendo reconstruida. Porém, seus moradores continuam com um enorme luto devido a morte de parentes e amigos. Entre eles, Na, dona de um hotel próximo às montanhas, onde Ton irá se hospedar. Os pais de Na morreram no Tsunami, e ela passa seus dias lavando, limpando e varrendo o hotel. Na é discreta e não aceita as investidas de Ton. Mas aos poucos, ela cede. A população, e principalmente o irmão de Na, não aceitam esse amor e começam a provocar o invasor Ton.
Um drama que trabalha com a metáfora do Tsunami interno, onde o desamor e a falta de esperança assumiu a alma de cada sobrevivente. As pessoas não se deixam amar, e pior, não aceitam que outras pessoas sejam felizes.
O diretor Assarat cria um fabuloso mundo cinematográfico, composto por planos de belíssima fotografia e força visual e dramática. A fotografia de Umpornpol Yugala é deslumbrante, reforçando o cinza das paisagens e das pessoas. Os atores principais trabalham olhares e poucas falas, uma característica do novo cinema asiático. é um filme brutal, que procura iludir o espectador com uma chama de filme romântico, mas que logo se transforma em algo maior. A cena final é bela de tão violenta. Uma aula de direção, impressionante para um diretor estreante.
Trilha sonora discreta, ao som de guitarras dedilhadas. O filme ainda brinca com os clichês do romance, provocando o espectador com um clip romântico embalado por uma música brega.
Uma descoberta feliz de um cineasta que deve ser apreciado.
Nota: 8
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