quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
A entrevista
"The interview", de Seth Rogen e Evan Goldverg (2014)
Assim como Ben Stiller, é impressionante o apuro técnico de Seth Rogen ao conduzir um filme. Depois da comédia apocalíptica "É o fim", Rogen investe em uma história mais absurda ainda: uma trama para assassinar o Ditador norte coreano Kim Jong-un. Apenas em um País livre e com direito de expressão como os Estados Unidos é possível escrever um roteiro aonde você use um personagem real e deturpe a sua trajetória. Foi assim com Tarantino em "Bastardos inglórios" e a sua reinvenção sobre Hitler. Porém, mais sério e mais caótico, por não dizer mais polêmico, Rogen fala sobre uma personalidade que está viva e em pleno exercicio do Poder.
"A entrevista" foi em 2014 o filme mais discutido em toda a mídia. e isso não pelas suas qualidades, e sim, pela ameaça que sofreu de Hackers que disseram que iriam provocar atos terroristas caso o filme fosse exibido em circuito. A Sony resolveu não lançar e até o presidente Obama rechaçou a Sony por ter se deixado levar elas ameaças.
Buchichos à parte, o que interessa saber é: o filme vale a pena?
Sim, o filme é muito engraçado. Yem várias cenas antológicas, tem muita escatologia ( juntar James Franco e Seth Rogen no mesmo filme só pode dar nisso) e muita, muita bizarrice. Com piadas politicamente incorretas, os roteiristas literalmente ligaram o foda-se.
E aí fica a pergunta: até onde isso é nocivo? Até onde as pessoas aceitarão as loucuras impostas ao Ditador norte coreano e à população de lá? Afinal, tudo e todos são ridicularizados: o exército, a mídia, a cultura, o governo, a educação, o povo. Quando Sacha Baron Cohen resolveu fazer o seu "O Ditador", e;e ficcionalizou tudo, mesmo que o espectador tivesse referência de algum país do Oriente médio. Sendo real, tudo fica muito estranho, ainda mais que sabemos que obviamente não houve consentimento de uma das partes.
Como comédia, o filme diverte e muito. Em alguns momentos perde o ritmo, ( sou um defensor de que comédia não pode ter mais que 90 minutos), mas o carisma de Franco e Rogen , para quem gosta e curte, é inegável. Aliás, James Franco é um cara que admiro muito: ele é excelente com drama, excelente na comédia, e investe tempo e dinheiro em projetos autorais, em filmes super independentes e ousados.
O elenco que interpreta a parte norte coreana é impagável. Randall Park, como o Ditador, e Diana Bang, como sua fiel braço direito, estão hilários.
A cena da entrevista que toca "Fireworks" da Kate Perry é sensacional. O filme, assim como "Trovão tropical", de Ben Stiller, alterna momentos de humor escrachado com cenas de alta violência, puro humor negro. Outra cena impegável é a de Seth Rogen tentando esconder uma cápsula gigante antes que a guarda norte coreana o flagre na floresta.
"A entrevista" não é filme para qualquer espectador. Se você não tiver uma mente aberta, se você não curtir histórias tão loucas que soam como surreais, fuja, mas fuja muito.
Nota: 7
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