quarta-feira, 1 de janeiro de 2020
A dama enjaulada
“Lady in a cage”, de Walter Grauman (1964)
Clássico Filme B de 1964, foi bastante criticado na época pela sua violência excessiva e pela mensagem de falta de solidariedade. O filme é um suspense psicológico que explora ao máximo o sadismo de um grupo de bandidos que invadem a mansão de uma viúva rica, Cornelia (Olivia de Havilland), que está debilitada e sem poder andar e ainda, presa a um elevador doméstico.
O roteirista partiu da premissa real que aconteceu nos Estados Unidos durante um blackout: dois bandidos invadiram uma casa, estupraram e assassinaram a dona do local. Em cima dessa história e de tantas outras que acontecem quando acaba a energia e as pessoas ficam presas no elevador, o roteirista resolveu colocar no texto outros temas, mesmo que sutis, que explodiam nos Estados Unidos da época: a guerra fria, o racismo, latinos vistos como bandidos, o homossexualismo visto como doença e crime ( o personagem do filho de Cornelia diz que irá se suicidar), a prostituição e a falta de compaixão do ser humano. O filme ficou famoso também por ser o primeiro trabalho de James Caan, aqui interpretando o líder dos bandidos, e resgatar Olivia de Havilland, estrela de Hollywood dos anos 30 e 40 mas no ostracismo nos anos 60. Todo rodado em preto e branco,
O filme já chama atenção logo no início, por conta dos incríveis desenhos dos créditos iniciais, que copiam o estilo de Saul Bass, de “Um corpo que cai”. Outra referência a Hitchcock que o diretor Qalter Grauman traz é de Psicose: na cena inicial, a câmera se aproxima da janela da casa e a invade, apresentando o personagem do filo.
“A dama enjaulada” é um filme angustiante, e por mais inverossímil que seja as cenas onde Cornelia busca ajuda e absolutamente ninguém nota sua presença, é um filme que traz um tom de parábola para falar sobre a maldade do ser humano. Pela metáfora colocada, “os animais estão soltos e os seres humanos, enjaulados”.
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