domingo, 12 de janeiro de 2020
O milagre de Anne Sullivan
“The miracle worker”, de Arthur Penn (1962)
Vencedor dos Oscars de Melhor Atriz para Anne Bancroft e de atriz coadjuvante para Patty Duke, aos 16 anos de idade, em 1963, até então a atriz mais jovem a receber o prêmio, o filme é uma biografia de Hellen Keller, que aos 7 anos de idade, em 1888, contraiu uma febre e ficou surda, muda e cega.
Arthur Penn dirigiu a peça teatral ‘A miracle worker” em 1959, escrita por Willian Gibson, com as mesmas Bancroft e Patty Duke nos papéis principais. Ao comprar os direitos, a United Artists queria Elisabeth Taylor ou Audrey Hepburn no papel da professora Anne Sullivan, que acabou ficando com a própria Bancroft, por insistência de Penn. Para quem não conhece o cineasta, em 1967 ele iria dirigir a obra-prima “Bonnye e Clyde”.
Bancroft interpreta Anne Sullivan, uma jovem professora que já foi cega e que tem métodos pouco ortodoxos para tentar fazer com que Hellen, aos 7 anos de idade, se comporte como uma pessoa civilizada. Por excessos de mimos da mãe, Hellen se tornou quase que uma criança primitiva e rebelde. Com extrema dificuldade, Sullivan procura ensinar a linguagem de sinais e boas maneiras à Helen, que sempre se rebela. Com muita determinação, Sullivan aos poucos vai fazendo a menina entender que o amor é o mais importante na vida. Helen viria a se tornar uma famosa escritora, professora e ativista política nos Estados Unidos. Em 1920, ela escrever a biografia “Essa é a minha vida”, retratando a sua relação com Anne Sullivan.
O que mais impressiona no filme, são as performances irrepreensíveis de Anne Bancroft e Patty Duke nesse verdadeiro clássico esquecido dos anos 60. Totalmente entregues aos papéis, em cenas de tirar o fôlego, vide a antológica cena de quase 10 minutos da sala de jantar, com Sullivan tentando ensinar Hellen a segurar uma colher. Uma cena totalmente sem diálogos, só nas performances de corpos e intenções. Uma verdadeira aula de cinema e decupagem. A fotografia também é um item à parte: em preto e branco expressionista, Ernesto Caparrós traz sombras que remetem a filmes de terror para um drama Bergmaniano, com direito a flashbacks surrealistas. Laurence Rosenthal traz uma trilha sonora imponente e arrebatadora. O elenco de apoio também é primoroso, principalmente os atores que interpretam os pais de Hellen. Imperdível.
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