quarta-feira, 8 de janeiro de 2020
Zombie child
"Zombie child", de Bertrand Bonello (2019)
O cineasta francês Bertrand Bonello faz parte de uma geração de realizadores provocadores que levantam temas como colonialismo, atos terroristas pregados pela juventude em cults como "Nocturama" e agora, "Zombie child", que concorreu na Mostra dos realizadores de Cannes 2019. Bertrand Bonello
também dirigiu os polêmicos "Saint Laurent"e "L'apollonide", filmes que retratavam questões de subserviência sexual.
"Zombie child" é livremente inspirado na história de Clairvius Narcisse, um homem que morreu de doença em 1962 no Haiti que vivia uma ditadura política, presidida por Papa Doc, um tirano que assassinou milhares de civis. O Haiti foi uma colônia francesa por muito tempo antes de Papa Doc. Clairvius Narcisse foi ressuscitado por feiticeiros vodu e ao renascer como zumbi, foi obrigado a trabalhar como escravo na plantação de cana. Em 1980, ele se libertou de sua condição de escravo, se casou e "renasceu"como ser humano, até morrer em 1994. Essa história é contada paralela à de Melissa, a neta de Clairvius que vive na França dos dias atuais. Ele estuda em uma escola de elite somente de mulheres, destinado à filhas de condecorados pela Legião Francesa. Melissa conta à suas amigas a história de seu avô. Somente Fanny acredita na história, e contrata a tia de Melissa, conhecida como feiticeira vodu, para jogar uma magia no ex-namorado de Fanny que a abandonou.
"Zombie child", apesar de ter participado de importantes Festivais, foi duramente criticado pela imprensa no que o acusaram de ser "Eurocentrico", um filme com um olhar europeu e branco sobre uma história de cultura africana. Sob alegação de grava apropriação cultural e de também apresentar uma visão estereotipada e fantástica sobre o Vodu, Bertrand Bonello, ainda assim, faz um filme instigante e bizarro, que mescla drama, filme de terror e romance. Talvez a inspiração de Bonello tenha sido os filmes de terror dos anos 80 que abusavam de misticismo e apropriação da magia negra, ma sé inegável a sua capacidade de provocação. Não é o seu melhor filme, mas vale assistir por curiosidade.
O filme pode ser visto também pela ótica da metáfora sobre a colonização e de como o Governo do Haiti transformou sua população em 'Zumbis", décadas depois ficando livres da maldição com o fim da ditadura.
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