sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Burning cane

"Burning cane", de Phillip Youmans (2019) que mais me impressiona nesse drama intimista e de baixo orçamento não é nem o filme em si, mas a genialidade do seu jovem diretor. Nascido em New Orleans, o afro-americano Phillip Youmans escreveu o roteiro, dirigiu, produziu, fotografou e editou "Burning cane" aos 17 anos de idade. Philip foi apadrinhado pelo cineasta e produtor Benh Zeitlini, diretor de "Indomável sonhadora". Benh foi o produtor executivo de “Burning cane”, que foi exibido no Festival de Tribeca 2019 e arrebatou diversos prêmios, entre eles, melhor diretor, fotografia e ator para Wendell Pierce, no papel do reverendo Tillman. Philip também ficou famoso por seu o mais jovem cineasta a competir em Tribeca. Em Louisiana, Helen (Karen Kaia Livers, excelente), é uma viúva fervorosa à Igreja. Ela tem um filho, Daniel, desempregado, casado e com um filho pequeno. A esposa de Daniel é quem sustenta a casa e o casal vive brigando. Ele a acusa de educar o filho de forma muito liberal, mesmo pensamento compartilhado por sua mãe. Helen, além de ter que cuidar de seu filho, que se tornou alcóolatra e violento, também precisa cuidar do reverendo Tillman, que ficou viúvo e desde então também se tornou alcóolatra. Tillman em seus sermões acusa as mulheres de terem destruído as relações familiares por usarem saias curtas, deixarem os filho fazerem o que bem entenderem. O filme fala sobre uma América conservadora, guiada por reverendos e pela Igreja, e que esconde por trás de sua aparente linha dura, pessoas que não conseguem administrar as suas próprias vidas, entregues à depressão e ao álcool. A crítica que o filme faz é como que alguém supostamente que deveria cuidar das almas de fiéis que necessitam de ajuda espiritual, mal consegue lidar consigo mesmo. O filme foi comparado, estilisticamente, ao cinema de Terrence Malick: fotografia poética, enaltecendo a relação do homem e o poder da natureza, narração em off, trilha sonora épica e uma atmosfera etérea. Não gostei muito do filme, achei de um ritmo muito arrastado, mas não posso negar a grande qualidade técnica e artística do projeto, realizado por um adolescente de 17 anos.

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