quinta-feira, 2 de janeiro de 2020
Vício maldito
"Days of wine and rose", de Blake Edwards (1962)
Quando “Vício maldito” estreou nos cinemas em 1962, muitos espectadores saíram do cinema revoltados. A culpa caiu no departamento de marketing, que esqueceu de colocar nos anúncios que o filme não era uma comédia. Afinal, tanto Jack Lemmon quanto o diretor Blake Edwards já tinham em seu currículo clássicos da comédia, e “Vício maldito”acabou sendo praticamente o filme de estréia deles em tema tão soturno.
Jack lemmon e Lee Remick foram ambos indicados so Oscar de ator e atriz em 1963, mas perderam para Anne Bancroft para ‘O milagre de Anne Sullivan” e Gregory Peck por “o Sol é para todos”. Um ano difícil, pois as performances eram todas brilhantes. Mas assistindo ao filme, e vendo o verdadeiro pesadelo que ele é, com performances tão arrebatadoras, dá tristeza ambos não terem ganho o Oscar. De qualquer forma, foram agraciados com os respectivos prêmios no prestigiado San Sebastian. O filme venceu o Oscar de melhor canção para Henry Mancini, que compôs a clássica ‘Days of wine and rose”.
O filme é um retrato doloroso e destruidor, sem final feliz, do alcoolismo. Ambientado em San Francisco, acompanhamos Jack (Lemmon), um relações públicas que fornece garotas de programa para os clientes da empresa. Jack conhece Kirsten ( Remick) e a confunde com uma garota de programa, mas vem a descobrir que ela é secretária do patrão. Educada pelo pai para ser uma mulher sem vícios, Kirten e Jack começam a namorar, até que se casam. Jack oferece a primeira bebida alcóolica para ela: um licor à base de chocolate. A partir daí, Kisrten passa a beber até se tornar tão ou mais alcóolatra que Jack. O caso é tão grave que a filha do casal acaba sofrendo consequ6encias da bebedeira dos pais. Jack passa a frequentar o AA, sem muitos resultados.
Com uma fotografia em preto e branco que acentua o drama pungente, ‘Vício maldito” vai se tornando mais e mais angustiante à medida que o filme avança. As clássicas cenas de Jack destruindo as plantas em busca de garrafa de bebida, e a do Motel, com Kirsten tentando obrigar Jack a voltar a beber, são primorosas atuações. Sempre achei difícil interpretar alcóolatra, mas os dois atores estão impecáveis e muito críveis, sem caricaturas. A cena final é dos momentos mais pungentes do cinema. Incrível que logo depois desse filme, Jack Lemmon viria a filmara comédia “Irma la douce”, e Blake Edwards, ”A pantera cor de rosa”. Versatilidade é isso aí.
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