domingo, 19 de janeiro de 2020
O preço da verdade- Dark Waters
"Dark Waters", de Todd Haynes (2019)
Produzida pelo ator Mark Ruffalo, "Dark waters" tem uma estética e narrativa que lembra filmes de denúncia, como 'Spotlight", que por um acaso, é produzido pela mesma produtora. Mas a verdade e que a todo tempo, a gente fica comparando o filme a "Erin Brocovich", filme dos anos 2000 dirigido por Steve Soderbergh e que deu o Oscar de melhor atriz para Julia Roberts, no papel de uma ativista ambiental que luta a favor dos moradores de uma pequena cidade contra uma poderosa empresa de indústria química. Agora, troque Julia Roberts por Mark Ruffalo, e você terá o mesmo filme.
Durante 20 anos, o advogado Robert Bilott (Ruffalo) começou uma guerra contra a Poderosa emprese química DUPONT, por poluir a água de CIncinatti, Ohio. A luta começou em 1998 e dura até os dias de hoje. O filme é baseado no artigo da New York Times, escrita pelo jornalista Nathaniel Rich em 2015, e intitulada "O advogado que se tornou o pior pesadelo da Dupont". A perseverança de Billot impressiona tantos os moradores quanto a família dele, que d einíci foi contra a decisão dele lutar contra a Dupont, achando que ele tinha enlouquecido ( Billot era um advogado corporativo, e trabalhava para uma empresa).
O filme expõe a tragédia do produto químico PFOA, que se refere ao ácido perfluoro-octanóico, um composto químico utilizado no fabrico de produtos domésticos comuns, como lubrificantes, ceras, revestimentos de papel, embalagens de alimentos, e também do teflon utilizado como anti-aderente em panelas.
Apesar de toda a importância do projeto, e do seu ótimo elenco de apoio, que vai de Anne Hathaway a Tim Robbins e Bill Pullman, "Dark Waters" é como "Spotlight': um filme entediante, frio, e que somente interessa a quem busca um filme sobre processos e luta ambiental. Como drama, é um filme muito sem emoção, com um olhar documental bastante cansativo. Mark Ruffalo está ótimo, e carrega o filme nas costas . Mas faltou o fino humor de Erin Brocovich, que consegue trazer carisma para um tema tão árido.
O que mais impressiona é o filme ter sido dirigido por Todd Haynes, um cineasta autoral e que nos trouxe obras lúdicas e instigantes como "Carol", "Veneno","Longe do Paraíso", "Velvet Goldmine" e "I'm not there". Nem de longe parece uma obra sua, um filme totalmente distinto de seu Universo.
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