quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

O caso Richard Jewell

“Richard Jewell”, de Clint Eastwood (2019) Novamente retratando uma história real, e assim como “Sully”, sobre um homem anônimo que subitamente vira herói e logo em seguida, um grande pária para a sociedade. ‘Sully” e “O caso Richard Jewell” são dois filmes que se complementam, protagonizados por grandes atores. Em ‘Sully” era Tom Hanks, e aqui é Paul Walter Hauser, que interpretou um racista em ‘Infiltrados no Klan” e agora é um pacato e infantilizado segurança que sonha em ser um policial. No dia 26 de julho de 1996, durante as Olimpíadas de Atlanta, um evento musical acontecia no Parque Centennial. O segurança Richard Jewell avistou uma mochila debaixo de um banco e imediatamente avisou aos outros policiais e seguranças que evacuassem o local. A bomba explodiu, 2 pessoas morreram e centenas ficaram feridas, mas o ato de Richard evitou mais mortes. Richard, um homem pacato, infantilizado e que mora com sua mãe, a discreta Bobi (Kathy Bathes, maravilhosa) em uma casa simples na Georgia, vivem 4 dias de alegria com o ato heroico do rapaz, largamente anunciado na mídia. Mas a mesma mídia, representado pela repórter Kathy Scruggs (Olivia Wilde), que obteve informações confidenciais do agente do Fbi Tom Shaw (Jon Hamm) , transando com ele, publica no jornal que o FBI suspeita que Richard é o terrorista e quis se promover com o ato. Imediatamente a vida de Richard e de sua mãe viram de pernas pro ar: repórteres na cola deles por 24 horas, FBI. Richard pede ajuda para o advogado Watson (Sam Rockwell, que ele conheceu em um trabalho há 10 anos atrás) e juntos precisam provar a sua inocência. O filme faz uma crítica cruel ao Fake News que destrói a vida de um cidadão comum, sem provas. Todos os grandes poderes americanos, FBI e mídia, são retratados de forma estereotipada por Eastwood, justamente para chamar atenção para os exageros desses agentes. A cena de Olivia Wilde chorando no discurso da mãe ficou muito falso, mas enfim, é um filme de expiação de Clint Eastwood, que resolveu em seus últimos filmes levantar a bandeira de heróis anônimos americanos. É um filme ufanista, que de certa forma protege o armamento e Clint ainda dá um tom homofóbico para Richard, que tenta a todo instante provar que não é gay. Clint continua conservador, mas mesmo assim, um grande cineasta aos 89 anos de idade. Curiosidade: Leonardo diCaprio foi um dos produtores do longa, que infelizmente, foi das piores bilheterias da carreira de Eastwood. Um filme que merecia ser visto por um circuito mais amplo de espectadores.

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