domingo, 19 de fevereiro de 2012

A lira do delírio


de Walter Lima Jr (1978)

Famoso drama, considerado uma homenagem póstuma ao talento da atriz Anecy Rocha, irmã de Glauber, que faleceu antes da montagem final, vítima de um acidente fatal: ela caiu em um fosso do elevador, em seu prédio. Na época ela era casada com o cineasta Walter Lima Jr.
O filme inicialmente era para ser um documentário. Em 1973, foram feitos registros do elenco em pleno bloco A Lira do delírio, nas ruas do centro de Niterói. Os atores improvisavam situações. Essas cenas costuram aleatoriamente o filme. Tem uma cena clássica de Anecy Rocha e Nara leão em um beijo lésbico.
A parte ficional , filmada 3 anos depois, fala o drama de Ness Elliot (Anecy Rocha), uma garota de programa que trabalha em um cabaré na Lapa, e que , durante o Carnaval, recebe uma missão de um agiota, Tonico (Tonico Pereira):Trazer bagulho de São Paulo até o Rio. Ela aceita fazeer esse tráfico, para poder ganhar dinheiro e cuidar de seu bebê. Porém, no seu retorno, ela tem sua bolsa trocada com um sambista homossexual. Acuada pelo agiota, ela tem o bebê sequestrado, e somente o terá de volta se devolver o dinheiro. Ela procura ajuda com um malandro, Claudio (Claudio Marzo) e um reporter policial, Pereio (Paulo Cezar Pereiro), que é apaixonado por ela.
Paralelo, o sambista gay começa um caso com um taxsta, que o assalta e o mata. Tudo isso em pleno carnaval.
Belo drama, porém extremamente datado. O bacana do filme é mostrar o Carnaval como um evento de felicidade e trizteza, uma festa de excessos onde as pessoas enlouquecem, se apaixonam, se matam, criam casos. O talento de Anecy Rocha é evidente no filme, e é delicioso ver todos os atuais veteranos atores, como Antonio Pedro e Tonico Pereira, jovens e malandros, como sempre.
O curioso do filme é usar os nomes reais de seus atores, com exceção de Anecy. A narrativa é desconexa, misturando momentos, passagens, criando um clima de constante fantasia e estranheza. O ponto alto do filme é a cãmera do mestre Dib Luft, magistral, fazendo verdadeiros balés coreográficos com a câmera na mão.

Nota: 7

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