Os reis do mundo

"Los reyes del mundo", de Laura Mora Ortega (2022) Há tempos eu não assistis a um drama com performances de um elenco tão comovente e arrebatadora como em "Os reis do mundo". e o mais impressionante: nenhum deles é ator profissional ou já teve experiência em atuação anteriormente. A roteirista e diretora colombiana Laura Mora Ortega, do igualmente arrebatador "Matar a Jesus", escalou os cinco jovens atores em Medellin, quando estavam praticando o ciclismo de gravidade, e sabia que essa energia tinha muito a ver com o que ela queria para sua proposta: liberdade e rebeldia. Os garotos são todos de classe da extrema pobreza. Resultado: o filme cenceu o prestigiado Concha de Ouro, prêmio máximo no Festival de San Sebastian 2022 e também foi escolhido pela Colômbia para representar o país no Oscar 2023. O filme é uma mistura de "Conta comigo", com "O tesouro de Sierra madre" e "Pixote". Foi co-produzido por Colômbia, Luxemburgo, França, México e Noruega. Rá (Carlos Andrés Castañeda), Sere (Davison Florez), Nano (Brahian Acevedo), Winny (Cristian Campaña) e Culebro (Cristian David Duque) são jovens de rua que embarcam em uma jornada de Medellín a Nechí em Bajo Cauca, com o objetivo de reaver algumas terras que Rá recebeu de herança de sua avó. Ela teve que abandonar a terra por conta da violência na região. Isso graças a uma decisão do governo como consequência dos Acordos de Paz que restituem territórios tomados à força por paramilitares. Rá e seus amigos sonham em recuperar a terra e viver ali com a dignidade e tranquilidade que a sociedade lhes tirou. Eles deixam a metrópole para trás para entrar nas profundezas da selva colombiana. Durante o trajeto, eles cruzam com traficantes, garimpeiros, prostitutas e toda sorte de pessoas desesperançosas. O filme tem tantas cenas antológicas e uma fotografia e enquadramentos primorosos. A cena mais arrebatadora certamente é a do bordel, com os meninos dançando com prostitutas mais velhas com idade de serem as mães deles. Comovente.