sexta-feira, 15 de novembro de 2019

O irlandês

"The irishman", de Martin Scorsese (2019) Em 1992, o ator Danny de Vito dirigiu o drama "Hoffa", baseado na biografia de Jimmy Hoffa, famoso sindicalista americano, que defendia 1 milhão e meio de caminhoneiros e por conta disso, obteve grande poder. Hoffa se envolveu com a Máfia italiana, com os Kennedy, com Nixon e outros políticos para conseguir alguns de seus intentos ambiciosos no Sindicato, mas acabou desaparecendo em 1975, jamais tendo sido encontrado. Em “O irlandês”, Scorsese faz a sua livre interpretação sobre o que teria acontecido com Hoffa. No filme de de Vito, foi interpretado por Jack Nicholson. Aqui, Al Pacino dá vida a esse controverso sindicalista. A sua história cruza com a do matador Frank Sheeran (de Niro) , um irlandês ex-combatente de guerra, que tem a sua vida cruzada com a de Russ (Joe Pesci), um mafioso da Pensilvânia. Os 3 personagens lidam com temas como lealdade, crimes, traições, Poder e ambição, destruindo a vida de seus entes queridos e pessoas próximas. Scorsese faz aqui um filme magistral onde absolutamente tudo está em nível altíssimo de qualidade. A direção, espetacular como há muito não se via em uma obra de Scorsese. O roteiro, baseado no livro de Charles Brandt, ‘I heard you paint houses”, uma metáfora sobre pintores de casas que na verdade, eram assassinos que usavam fachadas para encobrir seus crimes. Os diálogos são primorosos, alternando momentos de intenso drama com humor refinadíssimo, lembrando até mesmo diálogos de Tarantino, como por ex, os personagens ficam discutindo sobre peixe. A fotografia de Rodrigo Prieto, a maquiagem, magistral e sutil transformando o elenco em suas várias fases. Isso sem falar no trabalho preciso da eterna colaboradora na edição Thelma Schoonmaker, aqui costurando épocas e sub-tramas de forma sublime. A trilha sonora é recheada de clássicos que vão dos anos 50 a 80. E ver um filme, onde monstros da atuação como Robert de Niro, Joe Pesci, Al Pacino contracenam juntos, em momentos antológicos e dignos de aplausos, é um presente para qualquer aficionado por Cinema. Outros atores fantásticos fazem participações tão boas quanto, como Harvey Keitel, Bobby Canavale e Jesse Plemons. A Netflix está de parabéns por investir pesado em produções caríssimas de Cineastas consagrados como Afonso Cuarón, Bom Joo Hong, irmãos Coen e agora Scorsese. O filme tem 3:30 horas de duração, e ter assistido em uma tela grande de cinema foi um grande momento.

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